quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

A psicanálise dos contos de fadas

Bruno Bettelheim
Editora Paz e Terra - 437 páginas

"Cada conto de fadas é um espelho mágico que reflete alguns aspectos de nosso mundo interno e dos passos exigidos por nossa evolução da imaturidade à maturidade."

A primeira vez que me deparei com esse livro foi na faculdade, para fazer um trabalho. Achei bárbaro mas, devido ao tempo (na verdade, à falta dele!), só li os capítulos que interessavam para a pesquisa.

Então, quando há alguns meses um amigo perguntou se eu queria lê-lo, abri aquele sorriso: "Claro!"

A premissa desse livro é que, apesar da simplicidade dos contos de fadas, cada um trabalha aspectos emocionais e psicológicos da criança, de uma forma lúdica e especial.

As histórias modernas, na concepção do autor, evitam problemas existenciais, são "seguras". Já os contos de fadas confrontam a criança com "as dificuldades humanas básicas" : o complexo edipiano (não esqueça, o autor é um psicanalista), a morte, as disputas por carinho/atenção, os conflitos entre irmãos/pais, etc.

Em cada conto, a criança procura se identificar com algum personagem, independentemente do sexo e, com isso, ela vai elaborando suas angústias e dilemas. Por isso, os contos de fadas não apenas divertem, mas esclarecem sobre si próprio e ajudam no desenvolvimento da personalidade da criança.

Além disso, cada um traz uma mensagem: Em "Os Três Porquinhos", a mensagem é que não devemos ser preguiçosos; em "João e o Pé de Feijão", a luta pela independência; em "Cinderela" e "A Branca de Neve", a busca pela individualidade etc 

É claro que o livro se aprofunda em cada conto, explorando ao máximo cada frase, cada detalhe, cada personagem, o que por vezes o torna cansativo.

Mas isso não deve ser empecilho para quem deseja conhecer um pouco mais desse universo fantástico e, especialmente, para quem deseja apresentá-lo a seus filhos, sobrinhos, alunos.

Boa leitura!

p.s. Meus contos favoritos foram Os Três Porquinhos, Cinderela, Branca de Neve, A Bela Adormecida, Rapunzel, A Bela e a Fera...e os seus? : )

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Os sofrimentos do jovem Werther

J.W Goethe (1749-1832)
Coleção Clássicos Abril

"... como pode ser ilusão aquilo que nos faz tão felizes?" (pág 53)

Werther é um jovem que está morando no campo, numa hospedaria em Wahlheim, leva uma vida tranquila e escreve para Wilheim, um amigo (ou parente? Não fica claro), contando de sua vida naquele lugar.

Ele fala dos camponeses, da natureza, dos tipos comuns que encontra por aí até que conhece Charlotte num baile e tudo muda em sua vida.

A moça é comprometida e ele sabe disso antes de conhecê-la, mas ao dançar com ela numa festa, quando o noivo está ausente, descobre-se apaixonado. Terrivelmente apaixonado.

"Desde então, o sol, a lua e as estrelas podem cumprir suas trajetórias celestes sem que eu distinga quando é dia, quando é noite: o universo desapareceu para mim" (pág 38)

A partir daí, o rapaz a visita diariamente e passa a alimentar um amor prá lá de platônico. Ele só pensa, respira, vive e sonha tudo que tenha a ver com a doce "Lotte".

Um dia, porém, o noivo (Albert) volta. Werther perecebe que ele é um bom rapaz e se tornam amigos. Mas nada é como antes e o sofrimento é inevitável. É o fim de suas esperanças em ter Lotte com sua namorada/esposa.

O final é conhecido e conta-se que na época, houve uma "maré de suicídios" de jovens amantes, que se identificaram com o pobre sofredor.

"... ser incompreendido é o destino de muitos de nós..." (pág 18)

A questão é: como lidar com a incompreensão e a desilusão desse mundo?

Boa pedida para refletir!

domingo, 5 de dezembro de 2010

O Pequeno Príncipe

Antoine de Saint-Exupéry
Editora Agir - 100 páginas


"...só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos..." (pág 74)


"... os olhos são cegos. É preciso buscar com o coração..." (pág 83)


10 entre 10 misses já leram. Ronnie Von citava trechos dessa obra em seu programa anos atrás. Nossas mães leram, nossas tias também...


Mas, o quem tem de tão importante nesse livro, escrito em 1943 por um francês aviador, que morreu no ano seguinte ao seu lançamento?


Para mim a resposta está na simplicidade do tratamento das questões da vida:
Por que algo/alguém se destaca na multidão e é importante para nós?
Por que nos encantamos com as estrelas e com um belo por do sol?
O que as crianças sabem que as "pessoas grandes" não sabem?



A trama gira em torno de um pequeno príncipe, que vem de um planeta distante, e se encontra com um piloto no deserto do Saara. Este está arrumando seu avião, que apresentou problemas, e se espanta com a pequena criatura que lhe pede o desenho... de um carneiro!


A partir daí, o jovem príncipe conta sobre seu planeta, que possui 3 vulcões (sendo um extinto) e uma flor com 4 espinhos, e das viagens que fizera a seis planetas, antes de chegar à Terra.


Em cada planeta, ele conhece um personagem excêntrico: o rei que mora só e não tem a quem governar; um vaidoso, que quer ser admirado; um bêbado,  que bebe para esquecer a vergonha de beber; um homem de negócios, que se diz dono das estrelas; um acendedor de lampiões, que faz o que está no regulamento; e por fim, um velho geógrafo que escreve livros.


Seus diálogos com esses personagens são narrados, assim como  as conversas com as rosas, com o guarda-chaves, com a serpente, com a raposa.


Aliás, como esta última é travada a famosa conversa sobre a necessidade de se cativar alguém, a fim dela ser especial para você:


" Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas" (pág 74)"
"...se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros..." (pág 70)


É uma obra universal, que agrada crianças, jovens e adultos em qualquer lugar e em qualquer época, por isso que ainda hoje é lembrada e admirada por todos.


É um livro que cativa, por isso, vale o recado:


" A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar..." (pág 84)


Boa leitura!


p.s. vejam que tirinha fofa sobre nosso pequeno-grande-heroi

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Querido John

Nicholas Sparks
Editora Novo Conceito - 288 páginas


"...paixão é paixão. É o entusiasmo intercalando o espaço do tédio, e não importa a que se dirige (...) As pessoas mais tristes que já conheci na vida são as que não se importam profundamente com nada. Paixão e satisfação caminham lado a lado. Sem elas qualquer felicidade é apenas temporária, porque não há o que a faça durar..." (págs 65 e 66)

Já disse uma vez que livros que ficam por muito tempo na lista dos mais vendidos me intrigam. Por isso, resolvi dar uma "espiadinha" nesse e...me emocionei com a trama.

Já adianto que é um romance bem meloso, mas a leitura flui fácil e você não quer parar de ler!

Tudo começa quando uma bolsa de praia cai no mar e, um jovem soldado em licença (John), mergulha para apanhá-la e devolver à sua dona, a bela Savannah.

A partir daí, nasce um amor genuíno entre os dois, que é alimentado pelos dias que passam juntos, sabendo que em breve terão de se separar. John precisa voltar para a Alemanha e Savannah para sua casa.

Além da distância, existem outros problemas, como as "manias" do pai de John, as consequências de um incidente na praia e, acima de tudo, o fatídico 11 de Setembro.

Não dá prá contar mais, senão estraga, mas vale a pena ver como a paixão inicial dos dois se transforma num amor de verdade e o que esse amor é capaz de fazer.

Boa leitura!