quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Há graça no sofrimento?


Antonino Pinho Ribeiro (Pr Nino)
Imprensa da Fé - 122 páginas

"Sentir dó é ser passivo, mas quando temos compaixão tomamos uma atitude." (página 103)

Depois de ouvir o pastor Nino falar dos seus 20 anos dedicados à capelania hospitalar, percebi o quanto não fazemos nada pelo próximo que sofre.

Quanta gente está sofrendo em hospitais, com dores físicas e emocionais, abandonadas pela família, passando necessidades?

A boa notícia é que Deus capacita pessoas como o pastor Nino, que está a frente deste trabalho tão lindo, para trazer alívio ao que sofre e ao chora no Hospital São Paulo, Hospital do Rim e Hipertensão, GRAAC e Instituto Dante Pazzanese.

Neste livro, Nino conta algumas experiências e desafios diários, explica o que a capelania hospitalar pode fazer pelo doente e pela família e qual a atitude correta ao abordá-los.

Além disso, separa dois capítulos para dar voz a duas pessoas que passaram pelo hospital São Paulo: Shirlei, sua esposa, que é portadora de Lupus e Denise, mãe de Daniel (uma criança que nasceu prematura com hidrocefalia).

"...não me preocupo em decifrar os desígnios de Deus, aprendi que as dificuldades são para serem vencidas, passo a passo." [Denise]

"O Senhor não escreve certo por linhas tortas. Ele escreve nossa história da melhor forma, mesmo que no momento pareça que está tudo torto..." [Shirlei]

Eu, que já passei por uns bons dias em hospitais, sei que a vida com dor não é fácil. E quando se está fora de casa, sob os cuidados de terceiros, dependendo de medicação forte, fazendo exames a toda hora, e sendo furado até virar peneira, posso afirmar que só pela misericórdia de Deus é que temos forças para prosseguir.

O que o pastor nos mostra é que apesar da dor, do sofrimento, há também paz, livramentos, vitórias, aprendizados.

A graça de Deus está presente, de forma constante e sublime.

Que possamos ser gratos pela saúde que temos e que possamos, acima de tudo, ser alívio para aqueles sofrem.


Boa leitura!


"Tente excluir a possibilidade do sofrimento que a ordem da natureza e a existência do livre-arbítrio envolvem, e descobrirá que exclui a própria vida." C.S.Lewis

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Não nascemos prontos! Provocações Filosóficas

Mario Sérgio Cortella
Vozes - 134 páginas


"estar satisfeito consigo mesmo é considerar-se terminado e constrangido ao possível da condição do momento." (página 12)


O filósofo e educador Cortella nos presenteia com 31 pensatas sobre temas diversos: satisfação, felicidade, tempo, esperança, tristeza, resignação, nostalgia, tecnologia, sabedoria, destino, entre outros.


O objetivo não é chegar a uma conclusão, mas questionar o que se pensa. É indagar os porquês. É fazer com que cada um perceba que a vida se faz a cada dia, que ninguém está pronto.


"Gente não nasce pronta e vai se gastando; gente nasce não-pronta e vai se fazendo."


Enquanto estamos vivos, que tal cuidar das coisas que verdadeiramente são importantes?


"E se fosse isso perder a vida: fazermos a nós próprios as perguntas essenciais um pouco tarde demais?" Gilbert Cesbron


" O tempo não é só passagem; é, também, esgotamento, restando para muitos apenas alguns horizontes de perplexidade tardia."


Mas podemos gastar o tempo com o ócio?


"Ócio não é falta do que fazer, mas possibilidade de, nas condições apresentadas, fazer a escolha lúdica do que se deseja sem constrangimento ou compulsoriedade."


Ao discorrer sobre a amizade, ele separa as que ocorrem por força das circunstâncias e as reais:


"...poucas são as relações interpessoais que fogem ao utilitarismo das afetividades simuladas. Cada vez mais temos amizades fugazes, com data de validade restrita."


"a felicidade de um amigo deleita-nos, enriquece-nos, não nos tira nada. Caso a amizade sofra com isso, é porque não existe." Jean Cocteau


Mas, e a felicidade, é possível ser feliz?


Ao citar Beda, ele diz: "...o sucesso está na generosidade mental (ensinar o que se sabe), na honestidade moral (praticar o que se ensina), na humildade inteligente (perguntar o que se ignora)."


Dica: se você acha que no dia que conquistar seus sonhos será feliz e estará satisfeito, nem leia esse livro. A acomodação não combina com a busca ininterrupta do procurar saber mais, sonhar mais, viver mais.


Viver é buscar, com esperança.


"Esperançar é se levantar, é ir atrás, é construir, é não desistir, é levar adiante, é juntar-se com outros para fazer de outro modo."


Afinal, quem fica parado é poste, né Zé Simão?


Boa leitura!

sábado, 17 de setembro de 2011

O símbolo perdido

Dan Brown
Sextante - 489 páginas

"Existe um mundo escondido por trás do que todos nós vemos." (pág 445)

Esse é o mote desse livro de Dan Brown, aliás de todos os livros dele.

O professor de simbologia Robert Langdon está de volta, num thriller de perder o fôlego, desta vez em Washington, em meio aos mistérios maçônicos.

Seu amigo Peter Solomon foi sequestrado por um maluco, que faz ameaças de morte, caso Robert não decifre um grande segredo maçônico. Segredo este que lhe dará um poder sobrenatural.

Corrida contra o tempo, símbolos em toda parte e um psicopata torturador à solta. Os ingredientes são os mesmos de Anjos e Demônios, com a diferença de local e propósito.

No começo, até empolga, mas depois fica mais do mesmo.

Vale pela forma como a história é conduzida, com suspense. Mas só. Restam as fábulas e alucinações.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Contra um mundo melhor


Luiz Felipe Pondé
Ed Leya - 216 páginas

"Somos escravos da felicidade, mas é a infelicidade que nos torna humanos. Não sou dados a acessos de culpa, mas experimento cotidianamente o tormento de minha humanidade. Sou fraco, submetido ao desejo desorientado, leio e escrevo como forma de combater a solidão do mal que me habita" (pág 65)

Cético, trágico, alguém que enxerga um abismo à sua frente e sente um vazio dentro de si. Não é dado a jantares inteligentes (em que todo mundo é perfeito, feliz e sem conflitos) e tem medo de pessoas muito felizes.

"O que nos humaniza é o fracasso."

Esse é Pondé, alguém que abandonou a faculdade de medicina no 5º ano para se dedicar à filosofia. Mas avisa: "Não façam igual; eu tive sorte!" (Fórum Cristão de Profissionais - 13/9/2011)

Nesse livro, ele expõe em 32 capítulos suas ideias filosóficas acerca da sociedade, da religião, dos sentimentos (reais x artificiais), das buscas de cada um e do sentido da vida.

"O cotidiano é um massacre."

"A culpa me encanta. Sem ela não há vida moral plena."

Sim, ele prefere a culpa, a miséria da alma, a dor, a vulnerabilidade, do que a aparência de eterna felicidade.

"A infelicidade é a lei da gravidade que reúne os elementos que compõem nossa personalidade. O fracasso é que torna o homem confiável."

Estamos diante de um ateu sem esperança?

Aposto que não.
Primeiro, porque ele reconhece a existência de Deus
"... para conhecer a Deus é necessário que o homem recupere a capacidade de ver seu vazio".

E, depois, porque parece haver uma luzinha de esperança nesse caos de desilusão.

"Reconhecermo-nos pó é a chave para sair da cegueira (...) Temos que ir ao deserto para ver Deus."

"...sensação de que o mundo é sustentado pelas mãos de uma beleza que é também uma presença que fala (...) Vejo esta beleza contemplar meu vazio."

Minha oração é para que essa beleza que te contempla, amigo, inunde seu coração com a plenitude de Cristo e transborde do amor de Deus em sua vida. Lembra do que te disse quando peguei seu autógrafo ontem?



Boa leitura!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Obra Poética II - Poemas de Alberto Caeiro


Fernando Pessoa
L&PM Pocket - 141 páginas

"Procuro despir-me do que aprendi,
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu..." (página 84)

Sempre pensei em Pessoa como um ser confuso, místico, triste e perturbado, que encontrou na escrita um alívio para a dureza da vida.

"Não tenho ambições nem desejos. Ser poeta não é uma ambição minha. É a minha maneira de estar sozinho."

Por outro lado, sempre que li textos impactantes, encontrava lá a assinatura dele, ou de algum heterônimo seu. Não tinha como não ler e...não gostar!

Será que é porque "as coisas não tem significação: tem existência"?
A beleza da escrita existe por si só e não precisa de ninguém para defendê-la?

Caeiro é o heterônimo do homem simples, pastor do campo. É o poeta da natureza, que vê na realidade das coisas, a explicação para tudo, por isso não liga para filosofias ou religiões.

"A cor das flores não é a mesma ao sol, de que quando uma nuvem passa ou quando entra a noite..."

Para ele "pensar é estar doente dos olhos" e não há mistério no mundo para se perder tempo pensando.

"E os meus pensamentos são todos sensações."

O que me inquieta nesse heterônimo é justamente o paradoxo do seu estilo de vida e seu pensamento, pois quanto mais eu contemplo a natureza, mais me espanto com seus mistérios e com a grandiosidade de Deus.

"Sentir é estar distraído."

Talvez na ânsia de sentir a natureza, ele tenha se distraído e, por isso, não enxergou o grande Criador de tantas maravilhas. Talvez.

Boa leitura!