quarta-feira, 18 de julho de 2012

Ostra feliz não faz pérola

Rubem Alves
Ed Planeta - 276 páginas


"A beleza não elimina a tragédia, mas a torna suportável.
(...) São os que sofrem que produzem a beleza, para parar de sofrer." (página 12)




Rubem Alves continua sendo um menino que escreve coisas belas, que brinca com as palavras, que flerta com a poesia. 


Ele tem um caso de amor com a vida (aliás, a exemplo de Robert Frost, ele também quer isso escrito em sua lápide quando morrer).


O livro é uma coletânea de pensamentos sobre diversos assuntos: amor, beleza, crianças, educação, natureza, velhice, morte, entre outros. 


Em cada um há aquela chama de vida, de encantamento e de afeto:


"Amor é isto: a dialética entre a alegria do encontro e a dor da separação (...) Porque amor é algo que não se possui, jamais. É evento de graça." (pág 79)


"A poesia é uma perturbação do olhar. O poeta vê o que não está lá." (pág 95)


"...para onde foram os dias que vivi?" (pág 110)


"Somos poesia. A poesia nos move. Se você duvida, é porque nunca amou." (pág 181)


"O que envelhece não é o tempo. É a rotina. o enfado, a incapacidade de se comover ante o sorriso..." (pág 247)


"Livros são brinquedos para o pensamento." (pág 19).


Meu conselho? Vá brincar com esse livro-brinquedo agora!

quarta-feira, 11 de julho de 2012

O Peregrino

John Bunyan (1628-1688)
Editora Mundo Cristão - 235 páginas

Trata-se de uma alegoria cristã, que conta a história de "Cristão" rumo a Cidade Celestial.
Ao perceber que vive na Cidade da Destruição e que seu destino é a morte, decide seguir os ensinamentos de um livro - a Bíblia - e parte para sua jornada.

A viagem não é fácil!

Ele se encontra com personagens como o sr Volúvel, o Sábio-segundo-o-mundo, a dona Libertina, o sr Tagarela e tantos outros que o induzem a se desviar do caminho.

Mas, também conta com a ajuda de Evangelista, Fiel, Esperançoso, Piedade, dona Caridade etc que o estimulam a prosseguir e o ensinam muitas coisas proveitosas e edificantes.

Tentações, dores, problemas, dúvidas, angústias aparecem e nosso viajante é desafiado a decidir para prosseguir. Às vezes, ele erra e as consequências são terríveis.

Não dá pra conta mais para não estragar o prazer da leitura.

Vale a pena viajar!

terça-feira, 3 de julho de 2012

On the road

Jack Kerouac (1922-1969)
L&PM Editores - 294 páginas

"Porque, para mim, pessoas mesmo são os loucos, os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo agora, aqueles que nunca bocejam e jamais falam chavões, mas queimam, queimam..." (página 21)


EUA, final da década de 50.

Os amigos Sal Paradise e Dean Moriarty querem mais é curtir a vida, sem pensar no amanhã, muito menos nas consequências de suas inconsequências.
O que importa é que são amigos (será?), estão sempre cercados de mais amigos, cerveja, garotas e, claro, problemas.

Mas a vida só tem sentido quando eles pegam a estrada para cruzar o país, de leste a oeste, de oeste a leste, de norte a sul.

Buscam "aquilo" - algo etéreo que é o sentido da vida - e varam noites no asfalto, na bebedeira, nas baladas de sax das periferias.

Dean é o maluco da vez, que transpira, fala sem parar, se droga exaustivamente, casa-separa-reata-separa de novo, faz filhos, procura o pai vagabundo, se mete em encrencas, abandona os amigos, resgata os amigos, vive o paradoxo da vida em sua plenitude.

Sal o enxerga como um irmão: discutem, conversam, viajam, ah como viajam!
E ainda tem Marylou (esposa de Dean), Camille (esposa de Dean), Inez (esposa de Dean) e os vários amigos de estrada afora (Carlo Marx, Remi, Terry, Ed Dunkel, Galatea Dunkel, Tim Gray, Babe Rawlins, e muitos outros).

Eles buscavam ser felizes, mas será que foram? O meu conceito é bem diferente, mas a leitura é ótima pra vermos o outro lado da vida.

"Porque afinal ali estávamos nós, lidando com o inferno e com a amargura da pobre vida beat nessas horrorosas ruas da humanidade." (página 188)

Kerouac deu nome e vida ao movimento beat - em constante movimento, numa adrenalina sem fim - e fez história a partir de 1957, quando seu livro foi publicado. Nascia ali o mito On the road.

Agora, é esperar pra ver nas telinhas o filme de Walter Salles.




Boa leitura!