segunda-feira, 29 de julho de 2013

Amor e Silêncio

Fernanda K. Soifer
Artliber - 384 páginas

Fish got to swin, birds got to fly,
I got to love one man till I die.
Can´t help lovin´dat man of mine.

[ trecho da música Can´t help lovin dat man, cantada por Elisa Steiner  - página 291]

Elisa Steiner decide matricular sua filha Karina, de 5 anos, na mesma escola que estudara na infância e adolescência e, no dia da visita, reencontra o grande amor da sua vida - o professor de História, Mariano.

A partir daí, ela narra detalhes sua adolescência: a paixão avassaladora pelo professor (que é 30 anos mais velho e casado), as amizades, a separação dos pais, as aulas de canto e teatro, as viagens com a turma do colégio.

Elisa, aos 15 anos, descobre ter um grande potencial para a música clássica e só decide investir seu tempo e sentimento nas aulas de canto como soprano, pois canta para seu amor Mariano.
Magnólia/Elisa não canta apenas para Ravenal (no musical Show Boat), mas para Mariano e, por isso mesmo, consegue tirar o melhor de si, emocionando a todos. E não para por aí: interpreta, entre outros personagens, Violetta (da ópera La Traviatta de Verdi) e Micaela (de Carmen de Bizet). Em todos os momentos, sua fonte de inspiração é ele.

O tempo passa, o destino apronta surpresas e agora ela se vê diante da possibilidade de resolver pendências do passado.

Vale a pena a leitura!

segunda-feira, 22 de julho de 2013

O amante de lady Chatterley

D.H.Lawrence (1885-1930)
Penguin Companhia - 554 páginas

"E até então, assim era a vida: num vácuo. Quanto ao resto, era uma não existência." (página 65)

Lawrence escreveu essa obra num cenário de dor e sofrimento, pouco antes da sua morte: ele sofria de tuberculose e sua esposa, Frieda, tinha um caso amoroso com um italiano. Além disso, a Europa ainda sofria com as perdas humanas na Primeira Guerra Mundial. A vida não estava fácil...

Daí, podemos entender um pouco o contexto da trama: o baronete Sir Clifford casa-se com Constance em 1917 e pouco depois vai para a guerra. Volta paralítico no ano seguinte e se refugia em Wragby Hall, casarão que fica no campo, perto das minas da família.

"Clifford Chatterley era de classe mais alta que Connie. Ela pertencia à intelligentsia bem de vida, mas ele vinha da aristocracia. [Doris Lessing, tradutora - página 52]

Ele, então, se dedica a escrever, publicar seus textos e sair nas colunas sociais. Se fecha em seu mundo, sem dar a atenção e o devido carinho à mulher. Ela, por sua vez, não tem nada a fazer além de cuidar dele e receber seus amigos para jantares e conversas que a entediam.

Um dia, porém, Constance (Connie) conhece o guarda-caça Mellors, que trabalha para Clifford e mora num casebre na propriedade, e sua vida toma um rumo bem mais intenso e significativo. Os conflitos de classe aparecem, mas o amor entre eles tende a superar todos os obstáculos. Será que vão conseguir?

Na época em foi publicado, o livro foi proibido na Inglaterra e nos Estados Unidos. Hoje é algo água com açúcar se comparado aos Cinquenta Tons de Cinza da vida.

Boa leitura!

sábado, 13 de julho de 2013

Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra.

Mia Couto
Companhia das Letras - 262 páginas

"A vontade é de chorar. Mas não tenho idade nem ombro onde escoar tristezas." (página 18)

Fui apresentada à obra de Mia Couto por um querido amigo, há quase 3 anos e me encantei por sua sensibilidade.

Esse autor moçambicano fala dos brancos e pretos, da terra e da cidade, do pobre e do rico, da vida e da morte. Aqui não é diferente: o jovem Mariano é chamado a voltar para a Ilha de Luar-do-Chão para dirigir a cerimônia fúnebre de seu avô, Dito Mariano. Morando na cidade, agora se sente um estranho em sua própria terra e família.

O médico do avô - o indiano Amílcar Mascarenha - , por sua vez, não consegue precisar se Dito está mesmo morto e, quando o neto chega na casa, entende que sua principal missão não é enterrar o avô, mas trazer ordem e paz à Nyumba-Kaya (seu lar).

"...quem parte de um lugar tão pequeno, mesmo que volte, nunca retorna."

Personagens marcantes carregam suas histórias e viajamos junto com eles: dona Miserinha (a negra gorda que enxerga sombras), Curozero Muando (o único coveiro da ilha), padre Nunes (que permite com que um burro viva dentro da igreja), tia Admirança, tio Abstinêncio, tio Ultímio, pai Fulano Malta, vó Dulcineusa. Não são apenas nomes estranhos e curiosos, mas representam pessoas com seus segredos, sonhos, amores e dores.

"Era ela [ a cega Miserinha ] que estava vendo sombras? Ou seriam os demais que já nada enxergam, dentro dessa cegueira que é deixarmos de sofrer pelos outros?"

Poesia, lirismo e muitas alegorias estão presentes do começo ao fim, assim como em O Outro pé da Sereia, que foi o primeiro livro que li de Mia.

Excelente dica de leitura para as férias!

terça-feira, 9 de julho de 2013

A vida secreta de um sentimento

Kelly Soares
Scortecci Editora - 192 páginas

É com muita alegria que comento o livro da querida Kelly, uma pessoa incrível que vive a vida na sua plena intensidade: seja na alegria, seja na dor.

No livro, ela narra os momentos alegres e cheios de romantismo ao lado do grande amor de sua vida.

Além disso, com muita coragem, fala de fatos que, normalmente queremos esquecer, especialmente por se tratar de perdas.

Porém, com a ajuda de Deus e da família maravilhosa, ela soube dar a volta por cima e conseguiu escrever um pouco de tudo que passou nos últimos anos acerca de: carreira, família, amigos,  sonhos e...seu grande amor, não necessariamente nessa ordem.

É livro para rir, chorar, se envolver mesmo. Enfim, se emocionar.

Boa leitura!

Obs. quem quiser, pode adquiri-lo diretamente com ela (lilisoa@uol.com.br) ou virtualmente.

Obs2. Segue a dedicatória...Claro, imprescindível!



segunda-feira, 8 de julho de 2013

Lavoura Arcaica

Raduan Nassar
Companhia das Letras - 194 páginas

"...Nós nos olhamos e num momento preciso nossas memórias nos assaltaram os olhos em atropelo, e eu vi de repente seus olhos se molharem, e eu senti nos seus braços o peso dos braços encharcados da família inteira..." (página 9)

André sai de casa e se refugia em uma pensão na cidade, pois não concorda com a forma como o pai conduz a vida da numerosa família na fazenda. Além disso ele ama Ana, sua irmã.
Pedro, o irmão mais velho, o encontra na pensão e tenta convencê-lo a voltar, afinal a família toda está sofrendo - e muito!

A partir daí, vemos não apenas o embate de palavras entre os irmãos, mas as lembranças de André, em diversos momentos do tempo.
Finalmente, ele se sente livre para dizer o que pensa: confessa seus medos, seu amor incestuoso e sua inconformidade com a tradição paterna.

O final é arrebatador.

Leitura forte e obrigatória.

O Palácio da Meia-Noite

Carlos Ruiz Zafón
Suma de Letras - 271 páginas

"O mundo é dos loucos ou dos hipócritas." (página 260)

Escrito em 1994, esse é o segundo volume da trilogia juvenil de Zafón e, talvez por fazer parte do início de sua carreira, contém algumas falhas, que não passam despercebidas ao leitor atento.
Como o próprio autor diz no prefácio: "Achei que seria mais honesto deixá-la tal qual foi escrita, com os recursos e a perícia que tinha época." Ponto para ele pela honestidade.

A trama gira em torno dos irmãos gêmeos e órfãos Ben e Sheere, moradores da pobre Calcutá dos anos 30. Ele viveu até os 16 anos em um orfanato - St Patrick´s - quando teve que sair de lá. Ela, morou com a avó Aryami Bosé. Agora que são jovens, suas vidas correm perigo e não será fácil se esconder do maligno e misterioso Jawahal.

Para ajudá-los, contam com os amigos da Chowbar Society, um grupo de 7 jovens órfãos que existe para proteger uns aos outros.

A história é fraca e cansativa, bem diferente das obras que o autor publicou posteriormente, como Marina e A Sombra do Vento, que foram sucesso pelo mundo afora.

Se for para conhecer o autor, prefira as outras obras dele.

terça-feira, 2 de julho de 2013

O Prisioneiro do Céu

Carlos Ruiz Zafón
Suma de Letras - 246 páginas

"Às vezes a pessoa se cansa de fugir(...). O mundo é muito pequeno quando não se tem aonde ir." (página 80)

Daniel Sampere e Bea estão de volta, agora 1 ano após o casamento, já com um filhinho (Julián).

Depois do sufoco que passaram em A Sombra do Vento, tudo parece ter entrado nos eixos: estão felizes e na expectativa do casamento de Fermín com Bernarda. Mas, como nada é perfeito, aparece um homem misterioso na livraria "Sampere e Filhos", disposto a pagar um valor absurdo por um exemplar de O Conde de Montecristo. O curioso é que ele deixa esse exemplar de presente para Fermín com uma dedicatória enigmática.

A partir daí, Daniel o ajuda a desvendar esse mistério e descobre coisas sobre o passado de sua mãe, Isabella, e do amigo dela, David Martín (de O Jogo do Anjo).

As reviravoltas no tempo e no espaço são características de Zafón: é pegar e não largar!

Boa leitura :)