quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Memórias da casa dos mortos

Fiódor Dostoievski (1821-1881)
L&PM Pocket - 327 páginas

"...no exagero de toda a infelicidade há também um prazer." (página 80)

Alieksandr Pietróvitch foi encarcerado em uma prisão na Sibéria por ter assassinado a esposa por ciúmes. Como se entregou à Justiça, teve a pena amenizada: 10 anos de prisão em regime fechado.

A obra reflete as marcas que a prisão causou no autor, quando este ficou preso entre 1850 e 1854.

Pietróvitch conta do cotidiano da cadeia, das primeiras impressões que teve ao ser preso, dos tipos humanos que dividiam o mesmo espaço que ele, das dores e da forma de viver encarcerado.

Ele descreve com detalhes o trabalho forçado, o funcionamento do hospital militar, o tratamento desumano dos castigos com paus ou chicotes, o "comércio" ilegal entre os presos.

"[Para castigar alguém]... não precisava senão dar ao seu trabalho o caráter de uma inutilidade e total e absoluta carência de sentido." (pág. 29)

Ninguém era amigo de ninguém, apenas tolerava-se o outro. Por ser nobre, Pietróvitch ainda sofria com a discriminação e não se sentia um deles, mesmo depois de anos de convívio.

"A maior virtude, ali, era o dom de não sentir admiração fosse pelo que fosse..." (pág. 18)

O final é algo lindo, de fazer engolir o choro. Com Dostoievski é assim: você vive a angústia dos personagens até a última página. E se liberta também.

Boa leitura!

Bagagem

Adélia Prado
Record - 143 páginas

"A vida é mais tempo alegre do que triste. Melhor é ser." ("Momento" - página 46)

Ler Adélia é um ato sublime, de encantamento da alma.

Ela exalta Deus:
"Quem entender a linguagem entende Deus
cujo Filho é Verbo. Morre quem entender."
                          ("Antes do Nome" - pág.20)

"O que um homem precisa pra falar, entre enxada e sono: Louvado seja Deus!"
("Bucólica Nostálgica" - pág.42)

Ela exalta o amor:
"O que a memória ama fica eterno. Te amo com a memória, imperecível." ("Para o Zé" - pág. 101)

Ela exalta a poesia:
"A poesia, a mais ínfima, é serva da esperança."
("Tarja" - pág.54)

Quer suspirar e ter a certeza de que a vida vale a pena?
Leia Adélia.