Julio Cortázar (1914-1984)
BestBolso - 160 páginas
"... as mensagens que realmente importam estão, em dado momento, aquém de qualquer palavra." (página 127)
Ler os contos de Cortázar é um deleite pra alma.
Essa obra reúne 8 contos, cada um com sua particularidade e sensibilidade.
O primeiro - "A autoestrada do sul" - é o melhor: presos em um engarrafamento rumo à Paris, os motoristas aprendem a conviver uns com os outros por dias a fio.
"Sob cobertores sujos, com mãos de unhas crescidas, cheirando a fechado e a roupa suja, algum sinal de felicidade persistia aqui e ali." (página 29)
Esse conto, aliás, me fez lembrar de Saramago e suas tramas que exploram os limites de convivência entre os seres humanos.
Em "Senhorita Cora", um jovem luta pela vida em um hospital e conta com os cuidados da enfermeira Cora. No conto, os pensamentos dos personagens afloram de forma intercalada e sem aviso prévio. Você lê um pensamento e deduz de quem é pelo conteúdo da mensagem.
Os outros contos são: "A saúde dos doentes", "Reunião", "A ilha ao meio-dia", "Instruções a John Howell", "Todos os fogos o fogo" e "O outro céu".
Não vou detalhar as surpresas de cada um, leia e descubra os tesouros aos poucos.
Boa leitura!
Resenhas de livros que li e, de certa forma, gostei. Muito ou pouco. Não tenho o objetivo de comparar escolas literárias, estilos, datas, épocas... Leitura pra mim é diversão e divulgo o lado alegre, poético, lúdico, desafiador de cada livro. Boa viagem!
segunda-feira, 23 de dezembro de 2013
sábado, 7 de dezembro de 2013
A Culpa é das Estrelas
John Green
Intrínseca - 286 páginas
"Meus pensamentos são estrelas que eu não consigo arrumar em constelações." (página 281)
Se o livro fica muito tempo na lista dos mais vendidos, começa a aquela coceirinha em mim pra ler. Graças a uma amiga, consegui este emprestado e li em dois tempos.
É uma história triste, já adianto. Muito triste mesmo: Hazel Grace é garota de 16 anos que tem câncer e participa de um grupo de apoio na igreja. Não por gosto, mas porque não vê outro meio de evitar. Sua doença ataca os pulmões e ela é obrigada a andar com um carrinho de oxigênio onde quer que vá.
Neste grupo de apoio ela conhece Isaac, um garoto com problemas de visão decorrentes do câncer, e Augustus (Gus), seu grande amor, que superou um câncer a custa de perder uma perna e, por isso, anda com a ajuda de uma prótese.
"Você me deu uma eternidade dentro dos nossos dias numerados." (pág. 235)
Hazel manteve a amizade apenas com uma garota, Kaitlyn. Ela gosta mesmo é de ler e reler um livro, cuja história termina no meio de uma frase e a deixa intrigada há tempos.
Gus gosta de jogar videogame com Isaac e, depois de conhecer o livro-paixão de Hazel, também fica intrigado com esse "final sem fim".
Então, ambos decidem viajar para Amsterdã para conhecer o autor do livro (Peter Van Houten) e descobrir o destino de cada personagem. A partir daí, a vida de ambos toma um rumo novo e o nó da garganta do leitor se transforma em choro (fica o alerta).
É uma história fofa, apesar de trágica, mas só estranhei o tom pessimista do livro todo: o câncer vem para destruir todos os sonhos e ponto final. Claro que esta é uma doença terrível, mas muitas pessoas são curadas também. Faço tratamento em uma clínica e vejo sempre crianças sadias indo abraçar seus antigos médicos, depois de serem curadas. E não são poucas, graças a Deus!
Além disso, estranhei o isolamento desses jovens de seus amigos. Eles, ao ficarem doentes, só se relacionam com os doentes.
Hazel ainda tenta explicar:
"A doença gera repulsa. Aprendi isso há muito tempo..." (pág. 39)
"...a evidência física da doença separa você das outras pessoas." (pág. 134)
Até entendo que o nível de interação com as pessoas não-doentes possa cair, mas acabar de vez é no mínimo estranho.
Bom, são impressões minhas, que já passei meses a fio doente, internada, fazendo tratamento, mas sem perder a fé, a alegria de viver e o contato com aqueles que sempre foram importantes para mim.
Agora, é esperar o filme e a choradeira que vem por aí.
Boa leitura!
Intrínseca - 286 páginas
"Meus pensamentos são estrelas que eu não consigo arrumar em constelações." (página 281)
Se o livro fica muito tempo na lista dos mais vendidos, começa a aquela coceirinha em mim pra ler. Graças a uma amiga, consegui este emprestado e li em dois tempos.
É uma história triste, já adianto. Muito triste mesmo: Hazel Grace é garota de 16 anos que tem câncer e participa de um grupo de apoio na igreja. Não por gosto, mas porque não vê outro meio de evitar. Sua doença ataca os pulmões e ela é obrigada a andar com um carrinho de oxigênio onde quer que vá.
Neste grupo de apoio ela conhece Isaac, um garoto com problemas de visão decorrentes do câncer, e Augustus (Gus), seu grande amor, que superou um câncer a custa de perder uma perna e, por isso, anda com a ajuda de uma prótese.
"Você me deu uma eternidade dentro dos nossos dias numerados." (pág. 235)
Hazel manteve a amizade apenas com uma garota, Kaitlyn. Ela gosta mesmo é de ler e reler um livro, cuja história termina no meio de uma frase e a deixa intrigada há tempos.
Gus gosta de jogar videogame com Isaac e, depois de conhecer o livro-paixão de Hazel, também fica intrigado com esse "final sem fim".
Então, ambos decidem viajar para Amsterdã para conhecer o autor do livro (Peter Van Houten) e descobrir o destino de cada personagem. A partir daí, a vida de ambos toma um rumo novo e o nó da garganta do leitor se transforma em choro (fica o alerta).
É uma história fofa, apesar de trágica, mas só estranhei o tom pessimista do livro todo: o câncer vem para destruir todos os sonhos e ponto final. Claro que esta é uma doença terrível, mas muitas pessoas são curadas também. Faço tratamento em uma clínica e vejo sempre crianças sadias indo abraçar seus antigos médicos, depois de serem curadas. E não são poucas, graças a Deus!
Além disso, estranhei o isolamento desses jovens de seus amigos. Eles, ao ficarem doentes, só se relacionam com os doentes.
Hazel ainda tenta explicar:
"A doença gera repulsa. Aprendi isso há muito tempo..." (pág. 39)
"...a evidência física da doença separa você das outras pessoas." (pág. 134)
Até entendo que o nível de interação com as pessoas não-doentes possa cair, mas acabar de vez é no mínimo estranho.
Bom, são impressões minhas, que já passei meses a fio doente, internada, fazendo tratamento, mas sem perder a fé, a alegria de viver e o contato com aqueles que sempre foram importantes para mim.
Agora, é esperar o filme e a choradeira que vem por aí.
Boa leitura!
Assinar:
Postagens (Atom)