sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

O Teorema Katherine

John Green
Intrínseca - 302 páginas

"É possível amar muito alguém. Mas o tamanho de seu amor por uma pessoa nunca vai ser páreo para o tamanho da saudade que você vai sentir dela." (página 141)

Modinha, só pode ser modinha esse auê em torno de John Green, foi o que pensei quando li A Culpa é das Estrelas, cerca de um ano atrás. Bom, ele realmente não é lá essas coisas, principalmente por causa do tom extremamente fatalista e irônico, mas até que dá aguentar. Mas esse - O Teorema Katherine - é muito chato!
Claro que tem alguma melhora no final, mas aí você teve que resistir bravamente pra chegar lá.

A trama gira em torno de Colin Singleton, um adolescente que teve 19 namoradas chamadas Katherine, e um dia decide pegar a estrada com o amigo Hassan Harbish (um muçulmano gordinho e cheio de piadas), para tentar superar o último fora.

Nerd assumido, fanático por criar anagramas e gráficos, Colin deseja ser importante nesse mundo, deixar sua marca para a posteridade.

"Qual o sentido de estar vivo se você nem ao menos tenta fazer algo extraordinário?" (pág. 46)

Hassan, por outro lado, deseja levar uma vida boa, longe da faculdade e das responsabilidades.

É assim que partem sem destino, chegam numa cidadezinha chamada Gutshot e conhecem Lindsey e sua mãe. O que era para ser uma pequena parada, se torna uma estada um pouco maior e ali Colin decide desenvolver o seu teorema das relações amorosas, baseado em fórmulas e gráficos.

OK, isso e uma história para adolescentes mas até minha sobrinha de 12 anos (que me emprestou o livro, num momento que não tinha nada para ler e já estava ficando nervosa...), me alertou: "Tia, o livro é chato!"

Bom, talvez eu deva seguir um conselho de Lord Byron, em Lara e Don Juan, citado no livro por Colin: "A eternidade ordena a ti que esqueça." (pág. 99)

Melhor mesmo...



quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

O tempo entre costuras

María Dueñas
Planeta - 480 páginas

"...o mar me trouxe naquela manhã sensações esquecidas entre as dobras da memória: a carícia de uma mão querida, a firmeza de um braço amigo, a alegria do compartilhado e o anseio do desejado."

Sira Quiroga é uma jovem noiva, que vive em Madri às vésperas da Guerra Civil Espanhola (1936-1939). Tal qual sua mãe, é uma costureira habilidosa e, um dia, encantada por um homem desconhecido, decide abandonar tudo e partir para Tânger, em Marrocos.

E então, seu mundo desaba. Sira, de uma hora para outra, se vê sem dinheiro e sem rumo a seguir:

"...descobri, com o mais intenso desgosto, que a qualquer momento e sem causa aparente, tudo aquilo que julgamos estável pode se desajustar, desviar, entortar o rumo e começar a mudar." (página 50)

Com a ajuda de Candelária, a dona de pensão onde vive, Sira consegue montar seu ateliê de costuras e passa a atender gente da alta sociedade. Faz amizade com Rosalinda Fox (personagem histórica), se apaixona por um jornalista e, novamente, se vê diante de um grande dilema assim que a Segunda Guerra começa.

"não estava preparada para sentir de novo a angústia de uma ausência." (pág. 251)

Agora que tudo está se ajeitando, ela deve aceitar esse novo desafio?

A autora mistura personagens fictícios com personagens históricos para criar uma trama envolvente, que te prende do começo ao fim.

Vale a pena a leitura!


terça-feira, 25 de novembro de 2014

Milagres Invisíveis

Bianca Toledo
Ed Prova Viva - 152 páginas

"Fé é a capacidade de ver com os olhos de Deus."
(página 47) 

Depois de passar 130 dias internada em uma UTI, sofrer 15 cirurgias e de ter vários diagnósticos desanimadores de médicos e fisioterapeutas, Bianca Toledo se agarra às promessas de Deus, se recupera e conta sua experiência de vida e de quase-morte.
"Bem-aventurado aquele que passa pelo vale de mãos dadas com Deus. Grato não pelo vale, mas pelas mãos que não se soltam nunca mais." (pág.24)


Seu filho nasceu enquanto ela lutava pela vida e só foi pegá-lo no colo, pela primeira vez, quando ele tinha 7 meses.

Nesse tempo, ela aprendeu a buscar a Deus, a ouvi-lo e a entregar os seus planos e propósitos a Ele. Aprendeu também que o egoísmo, o espírito de autossuficiência, a ingratidão e a incoerência de vida corrompem a alma e nos afastam de Deus.

"A gratidão não encontra espaço em um coração autossuficiente. A ambição de nunca ter o bastante rouba o tempo para agradecer o que se tem." (pág. 92)
"A soberba é a capacidade de orgulhar-se do favor de Deus." (pág.113)

Hoje, plenamente recuperada, ela se dedica a pregar o Evangelho que restaura almas, que dá sentido à vida e que permite viver a vida em sua plenitude aos olhos do Pai.

"A força de um testemunho é o que tira do papel o poder do evangelho. (...) A força de um testemunho é verbo em forma de carne..." (pág.123)


"Ter um testemunho não é ser perfeito. Ninguém é. Ter um testemunho é sacrificar a inércia e avançar em direção a Deus, escolhendo a cruz todos os dias, buscando ser melhor." (pág. 130)

Vale a pena a leitura!


sábado, 22 de novembro de 2014

A verdade sobre o caso Harry Quebert

Adicionar legenda
Joël Dicker
Intrínseca - 576 páginas

"Tudo que sei é que a vida é uma série de escolhas que fazemos e que depois precisamos saber assumir."
(Perry Gahalowood - página 271)

30 de Agosto de 1975
Harry Quebert, um famoso escritor de 34 anos, está num hotel à beita mar, esperando Nola Kellergan, de apenas 15 anos.
Há 10 dias, tinham decidido fugir pois se amam e não veem outra saída para serem felizes. Só que Nola não aparece e, no dia seguinte, Harry descobre que ela foi vista fugindo de um homem na mata próxima ao local, e sumiu. Buscas intensas foram feitas pela polícia e nada foi achado, apenas sangue na mata e tufos de cabelo loiro.
Trinta e três anos se passam e, um dia, um grupo que fazia jardinagem nas dependências da casa de Harry, descobre um corpo com o original do livro que o destacara como escritor. Após análises técnicas, o laudo conclui que o corpo é de Nola Kellergan. E agora?

Julho de 2008
É aí que entra Marcus Goldman, amigo de Harry desde quando fora seu aluno na faculdade de Burrows. Como Marcus enfrentava um bloqueio criativo e estava com um prazo apertado para entregar um livro novo à sua editora, decide procurar seu mentor na cidadezinha de Aurora. Passa uns dias com ele e, na volta para casa em Nova York, se depara com a notícia da descoberta do corpo de Nola. Então, Marcus decide voltar para Aurora para descobrir o que aconteceu de fato e, com isso, inocentar seu amigo. Uma coisa era certa: Harry era inocente.

Se por um lado, Marcus é pressionado dia a dia a entregar seu novo romance, sob pena de receber uma multa absurda pela rescisão de contrato, por outro ele se vê se ameaçado ao avançar nas investigações.

Com muitas reviravoltas, descobertas inesperadas e muitas revelações, você não vai querer largar esse livro até descobrir quem é o culpado. Existem muitas referências (de filmes e livros), mas não vou falar para não estragar a leitura. Tenha o prazer de descobri-los...

Quanto ao autor, Joël Dicker, se mostrou uma grata surpresa, apesar de alguns clichês da obra, e de falhar ao não criar uma mapinha da região (algo tão comum nas tramas que envolvem cidadezinhas desconhecidas.)

De qualquer forma, vale a pena a leitura!

"No fundo, os escritores só escrevem um livro na vida." (página 444)

(Será?)

sábado, 15 de novembro de 2014

As Crônicas de Gelo e Fogo: O Festim dos Corvos - Livro 4

George R.R.Martin
Leya - 643 páginas

"Passou-se muito tempo desde a última vez que chorei." (Meistre Aemon, 102 anos - página 194)

Assim como no volume anterior (A Tormenta de Espadas), esse livro também tem muitas batalhas, perdas, traições e lágrimas.

Agora, o foco é Porto Real e o controle de Cersei Lannister sobre o rei Tommen, a pequena rainha Margaery, a Guarda Real e o Conselho.

Os capítulos que contam as ações e os pensamentos de Cersei, aliás, são os melhores!

"Meus inimigos estão por toda parte, e meus amigos são incapazes..." (Cersei Lannister, pág.407)

Além de Porto Real, também merecem destaque os conflitos nas ilhas de Ferro (além Mar), Bravos e Correrio.

Com a morte repentina de Balon Greyjoy, seus irmãos e sua filha lutam pelo poder: quem irá governar as Ilhas de Ferro? Olho de Corvo, Victarion, Aeron Cabelo-Molhado ou a impetuosa Asha?

Sam Tarly parte com Goiva, o bebê e Aemon rumo à terra de seus pais, já que a criança e o meistre correm risco de vida na Muralha, por causa da presença de Stannis e Melissandre.

"Só porque um homem sabe cantar sobre batalhas não significa que esteja pronto para travá-las." (Sam Tarly, pág. 332)

Arya Stark assume várias identidades para sobreviver e vai parar em Bravos. Sua irmã Sansa também precisa assumir uma nova identidade (Alayne) para sobreviver no castelo do Ninho da Águia, como filha bastarda de Mindinho.
Briene de Tarth, por sua vez, continua sua busca incansável pelas garotas Stark até que sofre um grande golpe.

"Todos sonhamos com coisas que não podemos ter." (pág. 574)

A princesa Myrcella  Lannister está em Dorne, sob a proteção dos Martell e sob os cuidados de Arys Oakheart da Guarda Real e, numa tentativa de golpe de Arianne, tem sua vida posta em risco.
Por fim, Jaime Lannister parte para conquistar Correrio do velho Tully (Bryden Peixe Negro), que resiste bravamente apesar dos Frey terem seu filho como refém.

"[Jaime] sabia o que era perder uma parte de si, a parte que nos torna quem somos." (pág. 108)

Tyrion, Dany, Davos, Theon Greyjoy não aparecem nesse livro e Stannis e Jon Snow aparecem só no começo. Suas histórias serão contadas no volume seguinte.

Leitura imperdível para quem acompanha a saga da luta pelo Trono de Ferro!

domingo, 2 de novembro de 2014

O último voo do flamingo

Mia Couto
Companhia das Letras - 225 páginas 

"Não vê os rios que nunca enchem o mar? A vida de cada um também é assim: está sempre toda por viver." (Página 49)

Viajando para Bertioga, me deparei com esse exemplar do Mia Couto na biblioteca do SESC. Não pensei duas vezes em pegar pra ler, já que estava de férias e tinha todo o tempo do mundo para pôr a leitura em dia.

"...a terra é um ser: carece de família, desse tear de entrexistencias a que chamamos ternura." (Pág 110)

Em resumo, eis a trama: a pequena cidade de Tizangara (Moçambique) está  com um grande problema. Vários soldados das Nações Unidas começaram a explodir e não se sabe o motivo.

O delegado da ONU, o italiano Massimo Risi, vai até a cidade para investigar esse mistério e conta com a ajuda de um jovem para ser o tradutor.
Ali ele conhecerá um pouco da cultura local, as histórias da terra e da sua gente.
Gente como o administrador Estevão Jonas e sua esposa Ermelinda, o adjunto Chupanga, a prostituta Ana Deusqueira, a jovem-velha Temporina, o padre Muhando, o velho Sulplicio e o feiticeiro Zeca Andorinho. Cada um tem o seu mistério, a sua história de vida - seja real ou fruto de sonho, seja passível de ser verdadeira ou fantasiosa. Com Mia é assim: a fantasia se sobrepõe à narrativa e o resultado sempre surpreende.

"Do que me lembro jamais eu falo. Só me dá saudade o que nunca recordo. Do que vale ter memória se o que mais vivi é o que nunca se passou." [Sulplicio - pag. 209]

Vale a pena a leitura!


terça-feira, 21 de outubro de 2014

E foi assim...

Fernanda Brum
Ministério Fernanda Brum - 269 páginas

"De joelhos se entrega ao Senhor as dores e angústias; de joelhos se vive milagres." (página 243) 

Nesse livro, você vai conhecer a história de vida da pastora e cantora gospel Fernanda Brum: o nascimento em um lar cristão, a adolescência rebelde, o talento musical, a conversão, o batismo com o Espírito Santo, o nascimento da banda, os milagres.

É uma história que nos inspira, nos faz chorar e refletir. Mas, acima, de tudo, é uma história que nos encoraja a permanecer firmes na Rocha, que é Cristo, em todo momento, seja na dor, seja na alegria e abundância.

Leia e seja abençoado!

terça-feira, 14 de outubro de 2014

As Crônicas de Gelo e Fogo: A Tormenta de Espadas - Livro 3

George R.R. Martin
Leya - 884 páginas

"Já aprendi que o amor nem sempre é sensato. Pode nos levar a grandes loucuras, mas seguimos nosso coração...até onde quer que nos leve. Não seguimos, mãe?"
[Robb Stark - página 149] 

Nesse livro, Robb segue seu coração e não tem ideia da dimensão que isso iria tomar para o reino.
Jaime Lannister enfrenta sua maior prova e na companhia de Brienne de Tarth precisa tomar decisões difíceis.
Para preservar suas vidas, Bran foge de Winterfell e Sansa se mantém obediente aos Lannister, casando com quem eles escolheram para ser seu marido.
Joffrey finalmente marca seu casamento com a bela Margarery Tyrell e o grande dia chega com muitas surpresas.

Esse livro tem ainda dois grandes episódios marcantes: o casamento vermelho no palácio dos Frey e a luta da Víbora vermelha com a Montanha. Quem já viu a série sabe do que estou falando...
Por fim, dois nomes se destacam: John Snow (e a descoberta do amor) e Tyron Lannister (e seu raciocínio lógico para resolver conflitos). Ambos serão duramente desafiados e mostrarão sua grandeza como líder e como ser humano.

Um reino não se ganha só com planos e estratégias. 

"Nem mesmo um rei pode pensar em tudo." (Catelyn - pág. 367)

A sorte, o destino e os deuses muitas vezes conspiram contra ou favor...

Leitura obrigatória para quem acompanha a série!

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Diálogos Impossíveis

Luis Fernando Veríssimo
Objetiva - 176 páginas

"A posteridade não é mais um lugar seguro." 
(em Revelações - página 23)

Veríssimo transborda humor, alegria, ironia e vivacidade nos 44 textos desse livro.

Ele imagina diálogos entre as estátuas de Drummond, Pessoa e Mario de Andrade, assim como imagina um diálogo de exortação de um padre ao casal que está no altar se casando. São conversas "impossíveis", que evidenciam um lado da vida que procuramos ocultar: nossos erros e vergonhas.

E aí ele fala dos amigos e suas esquisitices (em " O tapa-olho", "O triunfo", "O natural"), dos casais ("A sopa", "Teatrinho", "A ponta do queixo", "Antigas namoradas"), do acaso ("Geoffrey"), da família ("Dia das mães") e das coisas estranhas da vida, como a de 2 desconhecidos que ajudam uma mãe dar à luz em um posto de gasolina.

São leituras agradáveis, que dão cor e beleza ao seu dia.

Vale a pena a leitura!

domingo, 7 de setembro de 2014

As Crônicas de Gelo e Fogo: A Fúria dos Reis - Livro 2

George R.R. Martin
Leya - 656 páginas

"As coroas fazem coisas estranhas às cabeças que estão por baixo delas."
(Tyron Lannister - página 42)

Os reinos estão em guerra e cada um busca aliados para lutar pelo seu rei. Sim, além de Joffrey, Robb se declara rei, e Stannis e Renly, irmãos de Robert, reclamam o trono para si.

Joffrey reina de forma dura e cruel, tendo seu tio Tyron Lannister como Mão do Rei. O anão tenta trazer seus amigos mercenários por perto e é o cabeça de toda a estratégia de guerra contra Stannis que, por outro lado, conta com a ajuda sobrenatural de Melisadre, a  mulher vermelha, que serve o deus da Luz.

Bran se torna o príncipe de Winterfell, enquanto Robb parte para a guerra e ganha várias batalhas, para espanto de muitos, inclusive de sua mãe Catalyn, que tenta recuperar suas filhas, Sansa e Arya, em troca de James Lannister, o Regicida.

Arya foge de Porto Real com Yoren e uma leva de homens e rapazes, rumo ao Norte, fingindo ser um menino (Arry). Faz novos amigos, entre eles Gendry, filho bastardo do rei morto.

Theon Greyjoy, depois de viver dez anos com os Stark parte para sua terra sob a bênção de Robb e fica surpreso com a recepção de seu pai, Balon Greyjoy, e de sua irmã Asha.

Daenerys tenta se reerguer, com os poucos homens que ficaram ao seu lado após a morte de Khal Drogo, e com os 3 dragões.

Jon deixa de ser apenas o ajudante do Velho Urso, Comandante Mormont, e recebe sua primeira grande tarefa na Muralha.

Brigas, traições, mentiras, lutas, mortes, magia, fantasia, atos de vingança permeiam esse 2º volume e, como o 1º (A Guerra dos Tronos), te prende do começo ao fim.

"... as pessoas dizem frequentemente ter fome de verdade, mas raramente gostam do sabor quando ela lhes é servida." (James Lannister, citando Tyron - pág. 510)

Boa leitura!

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Guia Politicamente Incorreto do Futebol

Jones Rossi e Leonardo Mendes Júnior
Leya - 415 páginas

"Charles Miller registrou como seu um jogo que já existia no Brasil. Algo de que ele mesmo desconfiava." (página 22) 

Depois de ler o Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, fiquei com gostinho de quero mais. Lá, já havia certas provocações sobre a origem do futebol, mas agora a coisa ficou séria e, aproveitando a época da Copa, ganhamos uma versão dedicada a este esporte, que é paixão nacional.

E pra quem acha que Charles Miller é o pai do futebol no país, já vai um balde um água fria: na verdade, o escocês Thomas Donohoe começou antes, com bate-bola na prática, sem se preocupar em registrar nada.

Mas como era o futebol, no fim do século XIX e começo do XX? Tínhamos times de brancos x negros (eita!). A mistura foi ocorrendo aos poucos.

Nosso 1º craque, Arthur Friedenreich, era boêmio e amava seresta, pôquer e cabarés. Ele fez 568 gols em 580 jogos, uma média de 0,98 gol/jogo. Isso em 1925. Se fosse hoje, com certeza, ele seria um baladeiro de plantão (aliás, acho que isso não mudou muito na conduta dos nossos craques, né?)

E Pelé, qual foi a média de gols dele?
"Com 1282 gols em 1367 partidas, o Rei encerrou a carreira com média de 0,94 bola na rede por jogo." (pág. 62)
Claro que há controvérsias na forma de contar os gols e o livro também aborda isso e fala da média de gols de outros jogadores.

O livro ainda dedica capítulos a cada Copa, aos mitos, às organizadas, aos craques (Pelé, Maradona, Messi) e sentencia: "Não existe na história do futebol melhor time que a seleção brasileira campeã da Copa do Mundo de 70" (pág. 80).

Será?

Uma coisa é fato: depois dessa Copa, algumas coisas terão de ser revistas no livro para uma nova edição, a começar pela contagem de maior vexame do Brasil em jogos da Copa. Até então, o pior placar fora um 3x0...

Boa leitura!





terça-feira, 12 de agosto de 2014

As Crônicas de Gelo e Fogo: A Guerra dos Tronos - Livro 1

George R.R. Martin
Leya - 592 páginas

"Um senhor tem de aprender que por vezes as palavras são capazes de alcançar o que as espadas não são." (página 452)

Depois de assistir as 4 temporadas de "Game Of Thrones", finalmente me rendi aos livros do mestre George Martin. Não que eu não tivesse interesse em ler antes, mas só de pensar onde iria guardar todos os livros, já desanimava. Até que um amigo se dispôs a me emprestar os volumes e, claro, devorei o primeiro livro em menos de 2 semanas.

Aqui conhecemos os sete reinos, suas famílias e suas disputas pelo poder. Em foco, as famílias Stark, Lannister e Targaryen. A primeira tem em Eddard o cabeça, o pai de família que se torna Mão do Rei Robert Baratheon. É casado com Catelyn, da casa Tully, e tem 6 filhos: Robb, Bran, Rickon, Sansa, Arya e Jon Snow (este, bastardo).
Os Lannister são representados por Cersei, esposa do rei Robert Baratheon, seu irmão gêmeo James (O Regicida),o caçula Tyrion (o anão) e Tywin, o pai, de Rochedo Casterly. São cruéis e não medem esforços para conseguir e manter o poder.
E, pelos Targaryen, conhecemos Viserys que não pensa duas vezes em vender a irmã de 13 anos (Daenarys) a um líder guerreiro (Khal Drogo), para recuperar seu direito ao trono.

Traições, lutas, armadilhas, guerras, perdas, decepções, surpresas. Cada página é recheada de emoção e adrelina. Você vai percorrer cada reino com esses e muitos outros personagens marcantes e vai se pegar olhando por cima do ombro vez por outra.
É pegar e não largar!

Boa leitura!

"A loucura e o desespero são muitas vezes difíceis de distinguir." (pág. 289)

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Dever de Capitão

Richard Phillips
Ed Intrínseca - 254 páginas

"Sempre disse que, quando chegasse a minha hora de morrer, se fosse capaz de relembrar todas as coisas e pudesse rir a respeito de tudo o que fiz e vivi, então é porque vivera uma vida boa." (página 202)

Quando assisti ao filme Capitão Phillips, não consegui piscar, nem respirar direito, de tanta tensão! Então, quando soube que era baseado em uma história real, não pensei duas e peguei emprestado para ler. 

Richard Phillips é capitão do navio cargueiro Maersk Alabama e está conduzindo toneladas de alimento pelo Oceano Índico, próximo à Somália, na região do chifre da África. Como os casos de pirataria estavam aumentando na região, ele se preparou: fez exercícios simulados e orientou toda a tripulação em como agir em cada situação. Seu medo, então, se tornou realidade e seu navio foi tomado por piratas que não tinham nada a perder.

Falar mais pode estragar o melhor do livro, por isso deixo para o leitor descobrir como o capitão vai lidar com as diversas situações de estresse que surgem ao longo dos dias em se torna refém.

Trata-se de um livro inspirador, especialmente nessa época pós-Copa, em que ainda não entendemos o que aconteceu com a Seleção canarinho na sua derrota vergonhosa para a Alemanha. Diante de um problema sério e ameaçador: como agir? Como evitar que o pânico nos domine? Como lutar, sem esmorecer?

Sabemos que não existem receitas prontas, mas um exemplo de vida encorajador pode ser um bom começo! 

Boa leitura!

obs: Quanto ao filme, houve pequenas adaptações, como a redução da história do capitão antes da viagem e alguns pontos das negociações, mas de um modo geral, conseguiu ser fiel ao livro.



quarta-feira, 9 de julho de 2014

O Chamado do Cuco

Robert Galbraith
Ed Rocco - 447 páginas

"A infeliz pulou. Não tinha ninguém lá. Sua suposta testemunha estava entupida de cocaína..." (página 13)

Lula Landry, modelo de sucesso, é encontrada morta na frente de seu prédio, numa madrugada gelada de Londres.
3 meses depois das investigações, a polícia finaliza o inquérito com o motivo: suicídio. O irmão adotivo de Lula, John Bristow, inconformado, decide contratar um detetive particular: Cormoran Strike, antigo colega de classe de outro irmão, que falecera quando criança num acidente.
No começo, Strike reluta em aceitar o caso, mas depois aceita. Não podia ter o luxo de recusar trabalho num momento de dificuldades financeiras. Ele tinha acabado de romper com a noiva, sair da casa dela e estava dormindo no próprio escritório.
Com a ajuda de Robin, sua nova secretária temporária, ele avança nas investigações e vai descobrindo muita coisa errada - e suja - entre todos os que a cercavam: amigos, vizinhos e parentes.
E o fato vem à tona: Lula não se matou e o assassino está solto, pronto para agir novamente.

Trata-se de uma história envolvente de J.K. Rowling (a verdadeira autora, que usou um pseudônimo para publicar a obra), que tem todos os elementos de uma boa trama policial, a começar do detetive Cormoran, um ex-combatente de guerra, que perdeu uma perna em conflito, e anda graças a uma prótese ortopédica. Filho bastardo de um ator famoso, não usa do sobrenome para conseguir o que quer, pelo contrário: se esforça para conseguir tudo por seu próprio mérito.

Quando li Morte Súbita, primeiro livro adulto de Rowling pós-Harry Potter, me decepcionei muito e estava receosa em ter outra decepção. Ainda bem que dei uma segunda chance para ela e me enganei. A magia de Hogwarts voltou.

Boa leitura!

domingo, 29 de junho de 2014

A Escolha

3º livro da trilogia "A Seleção"

Kiera Cass
Companhia das Letras - 351 páginas

"As melhores pessoas carregam sempre alguma cicatriz." (página 144)

No último livro, América Singer ainda está na disputa pelo coração do príncipe Maxon e agora, mais do que nunca, precisa ter certeza dos seus sentimentos por ele e por Aspen Lerger.

Além disso, novos conflitos se instalam em Illéa e ela precisa pensar rápido: é mais importante seguir seu coração ou obedecer cegamente às ordens de um rei tirano? 

Aproveitando as circunstâncias do palácio, América faz alianças improváveis e, cada vez mais, enfurece o coração do rei Clarkson que, por sua vez, instaura um ultimato: ou ela se mantém obediente às leis reais ou está fora do páreo.

Seguindo a linha fofa do 1º (A Seleção) e 2º(A Elite) volumes, esse tem um capítulo em especial que é um encanto (capítulo 29)! Vale a pena ler e reler para se inspirar e não perder a fé no amor.

Boa (suspiro) leitura!


segunda-feira, 23 de junho de 2014

Venenos de Deus, remédios do diabo

Mia Couto
Companhia das Letras - 188 páginas

"As pessoas demoram a mudar. Quase sempre demoram mais tempo que a própria vida."

Dr Sidónio Rosa veio de Lisboa atender no posto de saúde de Vila Cacimba, em algum lugar escondido da África.

Lá, ele se aproxima do mecânico reformado Bartolomeu Sozinho e de sua esposa, dona Munda, com o objetivo de reencontrar Deolinda, filha do casal e seu grande amor.

"O suficiente é para quem não ama. No amor, só existem infinitos."

"Que o amor acontece para a gente desacontecer..."

"Amar é estar sempre chegando..."

Porém, Bartolomeu está doente e vive trancado em casa; Deolinda não está em Vila Cacimba e a cidade padece com vários doentes perambulando pra cima e pra baixo.

Aos poucos, Sidónio passa a conhecer a história da família Sozinho nas suas diversas versões: a contada pelo maior oponente de Bartolomeu, o administrador Suacelência, a contada por Munda e a que Bartolomeu conta. 

A realidade se mistura com as fantasias de cada um até que o doutor recebe uma notícia que o abala e aí ele não sabe mais em quem acreditar.               

"O tempo é o lenço de toda a lágrima."
                        
Não dá para contar mais sem estragar, mas a trama de Mia se desenrola com muito lirismo, poesia e, claro, alegorias, como sempre!

Boa leitura!

p.s. Outros livros do autor que recomendo: Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra, O outro pé da Sereia e O fio das missangas.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Convergente

Veronica Roth
Rocco - 526 páginas

"Fico com ele porque decido fazê-lo todos os dias (...) Eu o escolho continuamente, e ele me escolhe também." (página 371)

Tris, Tobias, Uriah, Christina, Tori e outros agora fazem parte dos Leais, um grupo que apoia a ideia original das facções e que permite deixar os Divergentes ajudarem aqueles que vivem além das cercas.

O lado de fora não é bem o que esperavam: eles são recebidos pelo pessoal do Departamento de Auxílio Genético e descobrem que suas vidas eram monitoradas o tempo todo. O pior, porém, eles descobrem depois, quando já pode ser tarde demais para a vida daqueles que deixaram para trás.

Esse é o último livro da trilogia Divergente e é um pouco mais confuso que os anteriores (Divergente e Insurgente). Não gostei do final: deixou muito a desejar! A autora criou tantas oportunidades na trama, que poderiam dar excelentes finais e...optou pelo pior. Infelizmente.

domingo, 8 de junho de 2014

Insurgente

Veronica Roth
Rocco - 511 páginas

"A verdade costuma mudar os planos das pessoas." (página 39)

Tris deixou de ser uma caloura na Audácia e se tornou uma integrante da facção. Por ser Divergente e imune aos soros de simulação da Erudição, conseguiu controlar o plano de Jeanine já no final do primeiro volume (Divergente) e agora se encontra em meio ao caos: sua facção está dividida, metade da Abnegação foi morta, a Amizade encontra-se receosa de entrar pra valer na briga e a Erudição se mostra fortalecida com a aliança feita com parte da Franqueza.

Tris, Tobias, Christina, Cabeb e Cia estão no meio desse turbilhão social, arriscando suas vidas e sofrendo com as perdas do entes queridos.

"A tristeza não é tão pesada quanto a culpa, mas rouba mais de nós." (pág. 370)

A adrenalina corre solta e Tris não sabe mais em que confiar, muito menos sabe como controlar seus sentimentos.

"As pessoas são compostas de camadas e mais camadas de segredos. Você pode achar que as conhece, que as entende, mas seus motivos estão sempre ocultos, enterrados em seus próprios corações. Você nunca as conhecerá de verdade, mas às vezes decide confiar nelas." (pág. 494)

Mais um volume eletrizante da saga, que garante bons momentos de divertimento (apesar de não ser bem escrito, vale mais uma vez a boa vontade em seguir a diante).


segunda-feira, 26 de maio de 2014

Divergente

Veronica Roth
Rocco - 502 páginas

"...o objetivo não é perder o medo. Isso seria impossível. Aprender a controlar seu medo e libertar-se dele é o verdadeiro objetivo." (página 251)

A trama se passa numa Chicago futurista, onde a sociedade foi dividida em 5 facções: Abnegação, Franqueza, Erudição, Amizade e Audácia.

As famílias se formam nessas facções e os filhos, ao completarem 16 anos, devem passar por um teste de aptidão e escolher uma das facções.

Os pais torcem para que seus filhos escolham permanecer na facção original, mas não é isso que acontece na família Prior, da Abnegação: Beatrice e Caleb são irmãos, com poucos meses de diferença, e fazem as suas escolhas. Ela escolhe a Audácia; ele, a Erudição.

A partir daí, eles serão ensinados e treinados conforme as premissas da facção escolhida. Beatrice muda seu nome para Tris e, desde o primeiro momento, é desafiada a tomar atitudes ousadas e arriscadas, como correr para pegar um trem em movimento ou se jogar de cima de um prédio para cair numa rede invisível a muitos metros abaixo.

O treinamento é duro e ela vê sua vida ficar um "triz" várias vezes, simplesmente porque está lutando para se manter nas primeiras colocações, já que os últimos colocados são dispensados e se tornam "sem-facção" ( e sem direitos).

O livro é eletrizante e te prende, mas tem um "porém": é mal escrito e tem erros de tradução (sim, você vai ler coisas do tipo "O trem deve estar passando a qualquer momento"). As descrições dos prédios e dos complexos das facções não são claros mas, com boa vontade, dá pra seguir em frente.

Não assisti ao filme, mas quem viu disse que se mostrou bem fiel ao livro e, melhor, deixou claro esses "buracos" das descrições.



Se quiser arriscar, se prepare para a adrenalina!


terça-feira, 20 de maio de 2014

A garota que você deixou para trás

Jojo Moyes
Intrínseca - 379 páginas

"Passaram-se anos até ela conseguir ver a felicidade dos outros sem lamentar a perda da sua." (página 142) 

Jojo Moyes tem o dom de escrever tramas paralelas de uma forma que te prende do início ao fim.

A história começa em St Péronne (França) na época da
Guerra Mundial: Sophie Lefrève vive com a irmã Hélène e os sobrinhos pequenos em um pequeno hotel da família e se vê obrigada a cozinhar para os soldados alemães. 
Assim que entra no hotel pela primeira vez, o comandante alemão Friedrich Hencken se encanta com o quadro "A garota que você deixou para trás", uma pintura de Sophie feita por seu marido artista Édouard, que agora se encontra em um campo de prisioneiros.
O comandante, amante das artes, se mostra afável com Sophie e, num momento de desespero, ela faz uma proposta a ele, sem medir as consequências de sua decisão.

Quase cem anos depois, o quadro é comprado por David Halston para sua esposa Liv e fica exposto na bela casa de vidro do casal em Londres. Certo dia, porém, os descendentes da família Lèfreve se dão conta do extravio do quadro e entram na justiça para reavê-lo, alegando que a obra fora roubada pelos alemães na época da guerra. 
Liv, agora viúva, não aceita entregar o quadro, que tem um valor sentimental inestimável, e luta por ele. Para isso, ela investe todos os seus recursos e sua vida.

Você vai viajar no tempo e na história dessas duas mulheres, torcendo por suas conquistas, chorando com suas dores. 

É um livro que te envolve pela sensibilidade e pela excelente trama.

Vale a pena a leitura!

p.s. virei fã de Jojo quando li A última carta de amor (2012). No ano seguinte, me encantei por Como eu era antes de você.

 






domingo, 4 de maio de 2014

Em Busca de um Final Feliz

Katherine Boo
Editora Novo Conceito - 287 páginas

"Ser pobre em Annawadi ou em qualquer favela de Mumbai, era ser, invariavelmente, culpado de uma coisa ou outra."

Katherine Boo, redatora da revista The New Yorker, um dia se apaixonou por um indiano e, apesar de na época já ter feito reportagens sobre comunidades pobres nos EUA, não conhecia a realidades dessas comunidades na Índia.

Por isso, decidiu viajar para Mumbai e relatar o dia a dia dos moradores de Annawadi, uma favela com 3 mil moradores, que fica próxima ao aeroporto internacional de Mumbai.

A vida na favela não é fácil: falta água, falta emprego, as crianças vivem mordidas por ratos, há inveja, fofoca e maledicência. Ninguém pode confiar plenamente no outro, seja na vizinhança, seja em sua própria casa. Os suicídios são comuns e as mortes sem investigação policial, idem. É um mundo cão, num país em ascensão econômica, que ainda registra "um terço da pobreza e um quarto da fome no planeta."

O ponto de partida é o suicídio de Fátima, a Perna Só, que culpa seus vizinhos de tê-la espancado momentos antes de decidir pôr fim à sua vida.

Abdul, um garoto que "tinha 16 anos, ou talvez 19" que comprava e vendia lixo reciclado, seu pai e sua irmã vão parar na cadeia por causa disso, apesar de não haver provas contra eles. Pelo contrário, a própria filha da vítima os inocentou. Mas, o que conta é quem pode pagar e subornar mais, quem tem cacife e conhecidos na polícia e na política. Enfim, vence quem se submete a esse esquema sujo e corrupto do mundo.

"Perceber como o mundo funcionava, além das mentiras, era para ele uma armadura." (pág. 61)

Além da família de Abdul Husain, muçulmana, conhecemos a família de Asha, líder da favela, que capitaliza o que pode com as desgraças dos vizinhos. Casada, mãe de 3 filhos, ela ainda ganha algum dinheiro na noite, com policiais corruptos. Sua filha, Manju, dá aula para as crianças que não podem frequentar a escola regular

Há ainda Sunil, Rahul, Meena, Zehrunisa, Mirchi, Kalu... que não são apenas nomes diferentes para nós acidentais, mas são personagens reais, que carregam seus sonhos e tem suas histórias de vida relatadas com muita sensibilidade. Histórias que aconteceram entre Novembro de 2007 a Março de 2011 e foram presenciadas em sua maioria pela autora.

O resultado é comovente e, com certeza, irá provocar muitas lágrimas para quem acompanhar tudo até o fim.

Imperdível.





quinta-feira, 24 de abril de 2014

A Partitura do Adeus

Pascal Mercier
Record - 180 páginas

"...quando os olhares dos outros recaem sobre nós, é sempre cruel, mesmo com boa vontade. Eles nos transformam em protagonistas. Não podemos ser nós mesmos..." (página 85)


Martiijn van Vliet trabalhava em uma faculdade, na área de pesquisa em medicina cibernética, e desfrutava de grande reputação junto à administração e aos patrocinadores. Ficou viúvo cedo: sua filha Lea tinha apenas 7 anos e, obviamente, sentiu muito a perda da mãe Cécile, que morrera vítima de leucemia.

Um ano depois, numa estação de trem em Berna, Lea ouviu o som de um violino e arrastou o pai até o local: uma moça (Loyola de Cólon) tocava, de olhos fechados, a “Partita em mi maior” de Bach.

Algo nela mudou, foi despertado. Seus olhos voltaram a brilhar e sua vida, a partir desse dia, nunca mais seria a mesma: ela iria aprender a tocar violino e dedicaria todo seu ser em se aprimorar nisso.

“...ao tocar ela se embrenhava em uma paixão sagrada que a fazia perder o fôlego. Isso seria como tocar as estrelas.” (pág. 40)

Quem nos conta a história de Lea e van Vliet é Adrian Herzog, um médico cirurgião que abandonou a profissão por não se achar mais capaz de seguir adiante. Um dia, estando ele num café em Provence, conhece van Vliet e, ao descobrir que são de Berna e que estão indo para o mesmo destino, decidem voltar juntos.

“[Eram] dois analfabetos no que diz respeito à proximidade e à distância [...], dois analfabetos da confiança e da estranheza.” (pág. 51)

Adrian também foi casado e teve uma filha, Leslie, cujo relacionamento sempre foi distante, especialmente quando ela foi para o internato após o divórcio dos pais. Ele também tem uma história de culpa e dor que vamos conhecer, mas nada que se compare à de van Vliet: uma história trágica, que é um verdadeiro soco no estômago.

Boa leitura!


domingo, 13 de abril de 2014

Pecados Intocáveis

Jerry Bridges
Vida Nova - 173 páginas

"...cada novo cristão foi separado por Deus e para Deus a fim de ser transformado à imagem de seu Filho, Jesus Cristo." (pág. 13)

Sabe aquele "pecadinho" que você cuida, alimenta e dá abrigo todos os dias? Não?! Então, leia esse livro.
Todos nós fazemos coisas que não nos orgulhamos - ou, pelo menos, não deveríamos - e deixamos passar batido.

Pode ser uma mania de reclamar de tudo ou de julgar a todos. Pode estar baseado no orgulho, na insatisfação, na ansiedade, na imoralidade, na inveja, entre outros "pecados sutis". Mas todos eles desagradam a Deus.

De uma forma leve e objetiva, o autor dá exemplos de como o pecado se manifesta em diversas situações e como encontramos desculpas e justificativas para mantê-lo por perto.

Precisamos da direção de Deus e de muita humildade para reconhecer em nós muitos desses pecados.

"O Espírito Santo trabalha em nós para nos convencer e nos fazer cientes dos pecados sutis. Ele trabalha em nós para nos capacitar a matar esses pecados." (pág. 44)

Não existe uma receita pronta, mas se nos voltarmos a Deus em oração e se estivermos dispostos a reconhecer nossos erros, estaremos no caminho certo.

Quer um começo?

"Pregue o evangelho a você mesmo todos os dias."
(página 36)

E seja agradecido!
"...o coração agradecido é uma característica da vida cheia do Espírito." (pág. 82)

Boa leitura!

terça-feira, 8 de abril de 2014

Miserere

Adélia Prado
Record - 90 páginas

"Tão lírica minha vida, / difícil perceber onde sofri." 
(página 25 - in "Pingentes de citrino")

Já disse que ler Adélia é um ato sublime, quando escrevi sobre Bagagem. Mas não é só isso: ler Adélia é se ler, se descobrir. É se espantar com a sensibilidade que aflora com suas palavras, suas provocações.

Seus temas indagam, questionam, polemizam sobre o envelhecimento, as dores, as perdas, a morte, a saudade, a natureza, a religiosidade, a nossa humanidade. 

"Demoro a aprender / que a linha reta é puro desconforto. / Sou curva, mista e quebrada, / sou humana." [pág. 10 - in "Branca de Neve"]

"A alma se desespera, / mas o corpo é humilde; / ainda que demore, / mesmo que não coma, / dorme."[pág. 19 - in "Humano"]

A vida é finita, mas é plena; é difícil, mas encontramos alívio no caminho ao clamarmos a Deus.

"Necessito pouco de tudo, / já é plena a vida..."
[pág. 89 - in "Qualquer coisa que brilhe"]

"Ao minuto de gozo do que chamamos Deus,/ fazer silêncio ainda é ruído."
[pág. 85 - in "Num jardim japonês"]

Boa leitura! 


 


terça-feira, 1 de abril de 2014

Tempo de Boas Preces

Yiyun Li
Nova Fronteira - 236 páginas

"Aquelas pessoas haviam nascido para ser elas mesmas, ingênuas e satisfeitas com a própria ingenuidade." (página 86)

O livro de estreia dessa autora chinesa é pura sensibilidade!
Nele encontramos 10 contos ambientados na China comunista e não dá vontade de parar de ler...

Ela aborda temas universais: relacionamento entre pais e filhos ("Ser filho de alguém é uma tarefa difícil, um cargo que não se pode abandonar"), homossexualismo, dificuldades financeiras, perdas. E mais perdas...

A questão é que não estamos no Ocidente e toda a educação é voltada para honrar e adorar o "Nosso Pai, Nosso Salvador, Estrela do Norte de Nossas Vidas, o Sol de Nossa Era que Nunca se Põe" (página 53). Qualquer ação que seja considerada suspeita e desrespeitosa é tratada com castigos, perda do emprego, prisão, isolamento ou morte.

A tristeza e a dor de não poder existir como se é, aparecem em cada conto: seja na casa daquela família que tem uma filha doente mental e esconde isso dos vizinhos, seja para o garoto que é sósia do ditador e passa a viver em função disso.

Por fim, a autora escreve um caso verídico, chocante ao extremo, que deixa um nó na garganta e muitas lágrimas pelo caminho.

Vale a pena a leitura!