domingo, 2 de novembro de 2014

O último voo do flamingo

Mia Couto
Companhia das Letras - 225 páginas 

"Não vê os rios que nunca enchem o mar? A vida de cada um também é assim: está sempre toda por viver." (Página 49)

Viajando para Bertioga, me deparei com esse exemplar do Mia Couto na biblioteca do SESC. Não pensei duas vezes em pegar pra ler, já que estava de férias e tinha todo o tempo do mundo para pôr a leitura em dia.

"...a terra é um ser: carece de família, desse tear de entrexistencias a que chamamos ternura." (Pág 110)

Em resumo, eis a trama: a pequena cidade de Tizangara (Moçambique) está  com um grande problema. Vários soldados das Nações Unidas começaram a explodir e não se sabe o motivo.

O delegado da ONU, o italiano Massimo Risi, vai até a cidade para investigar esse mistério e conta com a ajuda de um jovem para ser o tradutor.
Ali ele conhecerá um pouco da cultura local, as histórias da terra e da sua gente.
Gente como o administrador Estevão Jonas e sua esposa Ermelinda, o adjunto Chupanga, a prostituta Ana Deusqueira, a jovem-velha Temporina, o padre Muhando, o velho Sulplicio e o feiticeiro Zeca Andorinho. Cada um tem o seu mistério, a sua história de vida - seja real ou fruto de sonho, seja passível de ser verdadeira ou fantasiosa. Com Mia é assim: a fantasia se sobrepõe à narrativa e o resultado sempre surpreende.

"Do que me lembro jamais eu falo. Só me dá saudade o que nunca recordo. Do que vale ter memória se o que mais vivi é o que nunca se passou." [Sulplicio - pag. 209]

Vale a pena a leitura!


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