sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

O Pintassilgo

Donna Tartt
Companhia das Letras -  728 páginas

"Mas às vezes, inesperadamente, a dor me atingia em ondas que me deixavam sem ar; e, quando as ondas recuavam, eu me via olhando para os destroços repulsivos de um naufrágio, iluminados por uma luz tão lúcida, tão deprimente e tão vazia que eu mal conseguia lembrar que o mundo algum dia chegara a ser algo que não morte." (página 88)

Ganhei esse livro do meu sobrinho, de amigo secreto, e comecei bem o ano, lendo uma trama envolvente que, apesar de ter altos e baixos, te prende do começo ao fim.

Theo Decker tem treze anos e vê sua vida desmoronar, literalmente, quando sofre um atentado terrorista em um museu de Nova Iorque. Ele estava com a mãe, Audrey, esperando a chuva passar antes de seguir para uma reunião na escola. Como a mãe amava arte, nada melhor que dar uma paradinha no museu que ficava no trajeto, e aproveitar o tempo para visitar uma exposição superconceituada, de obras-primas do Norte da Europa.

Num breve momento, os dois se separam e a bomba explode. Theo sobrevive, Audrey não. Lutando para sair dos escombros, ele ouve uma voz: era Welty, um senhor que mesmo agonizando, lhe deu algumas instruções, uma das quais era para pegar um quadro caído e guarda-lo com cuidado. A outra era para procurar Hobie na loja Hobart e Blackwell e dar um recado estranho. Junto, deveria levar seu anel.
O quadro era O Pintassilgo, de Fabritius, arte de beleza ímpar e valor inestimável.

A partir daí, a vida de Theo muda radicalmente. De início, passa a viver com a família rica de um colega de escola. Depois, com o aparecimento de um familiar, ele se muda para Vegas, conhece Boris (que o apelida de Potter) e juntos vão descobrir coisas boas e ruins (em muitos aspectos Theo vai te lembrar Holden Caulfield de Salinger). 

"Por toda parte, estranheza. Sem perceber, eu tinha deixado a realidade pra trás..." (pág. 617)

Não dá para contar mais, sob o risco de entregar as surpresas, mas o livro é instigante e foi escrito pra quem ama arte, seja ela expressa numa música ou num quadro singelo, como o de um passarinho.

Boa pedida de leitura para as férias!




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