quinta-feira, 31 de março de 2016

Onde vão parar os sonhos extraviados?

Dulce Miller
Editora Penalux - 92 páginas

"O que mais dói no coração humano é a incompreensão (...) A pior das aflições é não entender o que acontece no coração do outro." (página 14)

Acompanho os tweets da querida Dulce Miller há algum tempo e, quando soube que ela iria escrever um livro, me programei pra comprar assim que saísse do forno. E assim aconteceu: fiz minha encomenda e recebi esse livro lindo, com dedicatória, que devorei em dois tempos!

Dulce abre seu coração em contos, poemas e crônicas, de forma simples, gostosa. Impossível não se identificar em várias situações, especialmente se você tem um coração pulsante e cheio de cicatrizes (e quem não tem?).

"...estou dançando conforme as minhas cicatrizes me ensinaram..." (pág. 18)

"...a lembrança da fantasia que criamos ainda me faz chorar." (pág. 24)

O poema sobre Gratidão é o meu favorito da obra: é uma oração de agradecimento pela vida, de fé e esperança num "eu" melhor daqui pra frente. É linda, linda, linda!

"Gratidão é palavra que não se diz olhando para o chão, a gente olha pro céu, em oração." (pág. 73)

Vale a pena a leitura!

domingo, 13 de março de 2016

A graça da coisa

Martha Medeiros
L&PM Editores - 216 páginas

"Só nos tornamos adultos quando perdemos o medo de errar. Não somos apenas a soma das nossas escolhas, mas também das nossas renúncias. Crescer é tomar decisões e depois conviver em paz com a dúvida." (página 26)

Ganhei esse livro de uma grande amiga e, aproveitando uns dias férias, o levei pra viajar comigo. Nada mais gostoso que deitar numa rede e ler coisas leves como poesias, contos e crônicas. 
Esse livro traz justamente essas últimas: 81 crônicas escritas para os jornais, no período de 2011 e 2013. 
Algumas perdem um pouco o brilho por serem datadas: falam de uma notícia da época ou de algum filme/peça que acabou de estrear (logo, o frescor da novidade não existe mais). Outras, porém, abraçam assuntos universais, que não dependem de local, dia e hora pra acontecer. São as melhores. É quando a autora fala do amor, da solidão, da dor, das artes, dos relacionamentos e até da própria fama.

"Amar é lapidação..." (pág. 47)

"Tocar na dor do outro exige delicadeza." (pág. 48)

"Acreditar-se especial nos torna patéticos (...) Lutar contra o próprio ego não é fácil, mas é o único jeito de mantermos uma certa sanidade e paz de espírito." (pág. 95)

"Ter uma vida interessante depende apenas do olhar amoroso que lançamos sobre nossa própria história." (pág. 163)

"Se aquilo que gosto de ouvir estimula as mesmas sensações em quem convive comigo, cria-se um diálogo sem palavras, à prova de mal-entendidos." (pág. 168)

Duas crônicas são de leitura obrigatória, caso você comece a ler o livro e queira desistir no meio do caminho: "A melhor versão de nós mesmos" (pág. 133) e "Empatia" (pág. 163)

Boa leitura!

quarta-feira, 2 de março de 2016

Superar é Viver

Pedro Pimenta
Editora Leya - 270 páginas

"Doutor", interrompi. "Eu vou perder os membros?"
Ele hesitou, mas sabia que era o momento de dizer a verdade.
"Sim", respondeu com relutância.
"Quais?", continuei.
"Todos os quatro." (página 50)

Pedro tinha 18 anos quando travou esse diálogo com seu médico em um leito de hospital, depois de ter sobrevivido a uma infecção severa chamada meningococemia, causada pela bactéria que origina a meningite. Porém, como esta bactéria caiu na corrente sanguínea, fez um estrago em seus membros, que gangrenaram rapidamente. A única opção para mantê-lo vivo foi a amputação dos dois braços e das duas pernas.

O que poderia ser uma sentença de morte, se transformou numa luta pela sobrevivência, num primeiro momento, e pela melhoria da qualidade de vida rumo à independência, assim que ele teve alta do hospital e se viu no mundo real.

"...na vida real não há espaço para ensaios." (pág. 166)

O caminho foi duro, doloroso, cheio de lágrimas e de muito esforço, fé e coragem, mas Pedro conseguiu superar cada obstáculo, aos pouquinhos.

Li muita coisa que me fez voltar no tempo, quando em 1988 parei de andar e tive de colocar um par de próteses no quadril. Pensei que nunca mais eu fosse andar, tamanha era a dor (no caso, antes da cirurgia) e a dificuldade de me adaptar às próteses logo que comecei a tentar dar os primeiros passos. Muitas muletas e bengalas depois, hoje ando sem ajuda, mas só quem me acompanhou sabe quantas lágrimas derramei nesse processo de recuperação, e quantas vitórias celebrei em cada conquista.

A história de vida do Pedro serve de inspiração para cada um que está a um passo de desistir, de jogar a toalha e dizer: "Chega, não sou capaz!".

Se o mundo não está preparado para você, você deve se preparar para o mundo, com sua criatividade, ousadia, fé, entusiasmo e paciência.

"A felicidade não deve estar relacionada a uma condição física. Quem constrói a felicidade é você, do jeito que você é." (pág. 11)

Não escolhemos os problemas pelas quais vamos passar, mas podemos passar por eles com um sentimento de autocomiseração ou com fé em Deus e em nossas potencialidades. A escolha dará frutos bem diferentes.

Boa leitura!

Obs: Ganhei esse livro da minha avó de 90 anos. Não é uma fofa?