sábado, 23 de julho de 2016

Qual é a tua Obra?

Mario Sérgio Cortella
Ed Vozes - 144 páginas

"um poder que se serve em vez de servir, não serve." (página 96)

Há 5 anos me encantei com a obra Não nascemos prontos! Provocações filosóficas do Cortella e, agora, volto ao autor pra ler um pouco sobre gestão, liderança e ética e continuo encantada...

Ao falar sobre trabalho, ele levanta as origens da palavra e a forma como encaramos o nosso trabalho no cotidiano: ele é apenas meu ganha-pão ou pode ser o motivo de algo maior, que mostra a minha obra, a minha criação?

"Etimologicamente, a palavra trabalho em latim é labor. A ideia de tripalium aparecerá dentro do latim vulgar como sendo, de fato, forma de castigo. Mas a gente tem de substituir isso pela ideia de obra, que os gregos chamavam de poiesis, que significa minha obra, aquilo que faço, que construo, em que me vejo." (pág.21)

Depois, ele fala sobre Gestão (sabemos tudo? É possível ter dúvidas?), Liderança (o que é essencial? Ela é um dom? Quais as competências da arte de liderar?) e Ética (ela existe em todos? O que as nossas escolhas mostram sobre a ética que temos?).

"Eu me vejo naquilo que faço, não naquilo que penso." (pág.20)

"A gente não aprende com os erros. A gente aprende com a correção dos
erros." (pág. 30)

"Essencial é tudo aquilo que você não pode deixar de ter: felicidade, amorosidade, lealdade, amizade, sexualidade, religiosidade. Fundamental é tudo aquilo que o ajuda a chegar ao essencial." (pág. 64)

"Você não nasce líder, você se torna líder no processo de vida com os outros." (pág. 71)

"Ética é aquela perspectiva para olharmos os nossos princípios e os nossos valores para existirmos juntos. " (pág. 105)

E aí, deu vontade de se encontrar e ver significado naquilo que faz? De saber lidar com a mudança? De ter discernimento nas decisões? De inspirar outros? De distinguir o essencial do fundamental? Então, boa leitura!

quinta-feira, 21 de julho de 2016

O marido dela

Luigi Pirandello (1867-1936)
Coleção Folha - 256 páginas

"Ela sempre se recusara a olhar-se por dentro, na alma. Algumas raras vezes que tentara por um instante, quase tivera medo de enlouquecer." (página 50)

Sílvia Roncella é uma jovem escritora que, no início do século XX, muda-se com o marido para Roma.

Seus escritos começam a se destacar no meio literário e, por isso, ela é convidada para um banquete, onde é apresentada a jornalistas, editores, escritores e demais celebridades do mundo das artes.

Tímida e retraída, Sílvia pouco fala de si e das suas obras. Quem faz esse papel de divulgador e agente - primeiro informal, depois, formalmente - é seu marido, Giustino Baggiolo. Sem medir esforços, nem pudores, ele negocia os textos da esposa, acompanha as apresentações das peças e tenta transformar em dinheiro o que, para ela, são apenas textos produzidos para seu prazer.

"Cada obra, nela, sempre se movera sozinha, por motivos próprios e ela não fizera mais do que obedecer docilmente e com amor essa vontade de vida, a cada seu espontâneo movimento interior." (pág.171)

O filho do casal nasce, Sílvia se recolhe no interior de Cargiore na casa da sogra e, a partir daí, tanto ela, quanto o marido percebem como os planos para o futuro de ambos estão indo para rumos diferentes e conflitantes.

Pirandello descreve cenas e personagens de um modo sutil, por vezes cômico e de uma forma que você consegue simpatizar - ou não - logo de cara com cada um.

Boa leitura!