segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Assassinatos na Rua Morgue e outras histórias

Edgar Allan Poe (1809-1849)
Coleção Folha - 112 páginas

"Se não houver um braço amigo que nos ampare, ou se não fizermos um esforço súbito para nos afastarmos do abismo, saltaremos e seremos destruídos." (página 10)

Sempre tive curiosidade em ler algo de Edgar Allan Poe, mas fui adiando. Ao ler o primeiro conto ("O demônio da perversidade"), já fui cativada. E não é que ele toca justamente nesse ponto, o de postergar uma tarefa? Para ele, aliás, essa ação "simples" é um dos sintomas do que ele chama de "perversidade". Sabemos que a ação deve ser feita, mas adiamos até o ponto desta não ter mais valia. Nos consumimos pensando na ação, ao invés de executá-la de uma vez.
Outro sintoma é ser consumido por falar algo que pode te prejudicar, mas que mesmo assim você se vê compelido a abrir a boca.Como explicar? Só pode ser essa tentação do mal! O resultado? É a agonia do narrador do conto. Um assombro.


Em "Hop-Frog e os Oito Orangotangos Acorrentados", somos levados a um reino onde o rei e seus sete ministros "se destacam pela maneira como contavam uma história engraçada ou como planejavam troças que o divertissem." (pág. 13) Eram gordos e brincalhões e se divertiam judiando de um anão deficiente (Hop-Frog), que fazia o papel de bobo da corte. Como planejam um baile de máscaras e não sabiam o que vestir, chamaram o anão para alegrá-los, fazendo com que este se embriagasse. Ao ver o sofrimento do amigo, Tripetta, que também era anã e servia na corte, tentou intervir e apanhou.O resultado foi um baile inesquecível para o rei e todo reino!

Já em "Os fatos que envolveram o caso do Mr. Valdemar", é um conto sobre
hipnose. Será que é possível hipnotizar alguém no limite da morte e enganá-la?


"O Gato Preto", vemos como a vida de um homem pode se destruir pelo álcool e pela violência. O final, surpreendente, é conhecido de muitos.

Em "Nunca aposte sua cabeça com o diabo", conhecemos Dammit que, de forma leviana, faz sempre apostas desse tipo. Um dia, porém, ele perde a aposta e aí... o bicho pega!

Por fim, "Assassinatos na Rua Morgue" fala de dois assassinatos brutais que ocorreram em um casarão de Paris e que desafiam a polícia e a opinião pública. Quem poderia ter feito algo tão brutal? Como?  E aí entra em cena o amigo do narrador, Monsieur C. Auguste Dupin que tem o dom de descobrir as coisas, apenas pela dedução e lógica das coisas. E não é que ele conseguiu descobrir? O "como" e o "porquê" são absurdos.

Leitura obrigatória para quem curte o gênero!

Carol

Patricia Highsmith (1921-1995)
L&PM Editores - 312 páginas


"estava feliz agora, a começar de hoje. Não tinha necessidade (...) de um passado." (página 50)

Therese Belivet é uma jovem cenógrafa que pegou um bico de fim de ano, numa grande loja de departamentos. Ela trabalha na seção de brinquedos e passa o dia vendendo bonecas.

O movimento da loja é intenso e insano, mas em um determinado momento o tempo parou para que Therese e Carol cruzassem seus olhares e, consequentemente, suas vidas.

Therese, apesar de ter um namorado (Richard),  se apaixona na hora pela mulher mais velha e, partir daí faz de tudo para ficar próxima da amada. Carol tem uma filha pequena e está se divorciando de Harge, num processo não tão amigável como gostaria. É rica e, de uma certa forma, parece que gosta de manipular pessoas e situações. Está sempre fumando e toma decisões sem parar pra pensar. Age por impulso.

"Está virando uma doença, não está, a incapacidade de amar?" (pág.137)

Não sei se a obra foi mal traduzida ou mal escrita mesmo, mas a narrativa é cansativa, repetitiva e, até quase no final, você não tem certeza se Carol realmente se importa com Therese ou não.  Durante a leitura, você fica esperando um "ponto alto", algo para ser desenvolvido, mas ele não aparece e a trama toda se passa com diálogos fracos, só se resolvendo nas páginas finais.

É isso!