sábado, 31 de dezembro de 2016

Liquidação

Imre Kertész
Companhia das Letras - 106 páginas

"Pois somos assim, homens um pouco copiados, alimentamo-nos de vidas mais fortes que a nossa, como se dessas vidas nos coubesse também uma fatia." (página 38)

Amargo é editor de B., um escritor que se suicida e deixa uma peça chamada "Liquidação", passada em 1990, em Budapeste.

B. sempre foi enigmático: nasceu em Auschwitz, num verdadeiro milagre e nunca superou o trauma da sua origem:"Ele sentia que nascera na ilegalidade, sobrevivera sem razão e sua existência não se justificava por nada..." (pág.98)

Amargo ao ler a peça, descobre muito mais que os motivos da decisão de B. para se matar, assim como descobre o que aconteceu com o romance "perdido", que gostaria de ler e publicar postumamente.

A peça, aliás, tem Amargo como protagonista e sua trama se mistura com a narração do editor e da ex-mulher de B. (Judit).

Não é uma leitura fácil, pois nos faz refletir sobre as mazelas da guerra e a destruição emocional que gera em todos que passaram por ela. Sobreviver fisicamente é uma coisa, emocionalmente é outra.

Boa leitura!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

A garota no trem

Paula Hawkins
Ed Record - 375 páginas

"Às vezes, me pego tentando me lembrar da última vez que tive contato físico de verdade com alguém, um abraço, um aperto de mão que seja, e sinto uma dor no coração." (página 16)

Ganhei, ops, roubei esse livro (calma, que explico) no amigo secreto "ladrão" da firma. Claro que fiquei com dó do Fred, mas vivo o lema: "Amigos, amigos. Leituras à parte!"
Levei pra praia para ler, imaginando que ele seria minha companhia nas férias toda. Me enganei. Li em 3 dias.

A trama gira em torno de Rachel que, diariamente, pega o trem que vai de Ashbury para Londres. No caminho de ida e volta, ela gosta de apreciar a paisagem, ver as casas e imaginar o que se passa com seus moradores. Existe uma casa, em particular, que ela admira: lá vive um casal, Jess e Jason, que sempre trocam carícias no jardim e parecem ser felizes. Ela não os conhece, mas os chama assim. 

Um dia, porém, Rachel vê Jess com outro homem e, depois, fica sabendo de algo alarmante a respeito dela. Eis que se instala o dilema: ela deve procurar a polícia? O marido? Quem vai confiar nela, já que por causa da bebida não se lembra de muita coisa?

Rachel luta contra o álcool, sofre com seu divórcio (e com a aparente felicidade do ex-marido -Tom - com sua nova família) e não tem amigos. Ela teria credibilidade para ajudar a solucionar um mistério que nem a polícia está sabendo como lidar?

Vale a pena a leitura!


Obs: Sei que já saiu o filme e, pelo trailer, achei bem confuso, mas parece que Emily Blunt encarnou bem a personagem instável, "passada", preocupada e quase neurótica em alguns momentos.