sábado, 29 de abril de 2017

Toda luz que não podemos ver

Anthony Doerr
Ed Intrínseca - 528 páginas

"Algumas tristezas nunca deixam de existir."
(página 501)

Ganhei esse livro do meu amigo Potter, também conhecido como Toshio que, aliás, conhece minhas preferências literárias desde o século passado (não é exagero!). E, pra variar, ele acertou em cheio: devorei o livro em poucos dias e já comecei a imaginar o belo filme que dará se for parar na telona.

A trama se passa entre 1934 e 1944, mas começa em 1944 em Saint-Malo, na região da Bretanha, durante o bombardeio norte-americano para libertar a cidade da ocupação nazista alemã. A partir daí, o leitor vai e vem no tempo, e passa a conhecer a vida de 2 jovens que moram bem distantes um do outro.

Marie-Laure tem 16 anos e ficou cega ainda criança, em decorrência de uma catarata bilateral congênita. Ela foi criada pelo pai em Paris e, com a guerra, os dois tiveram que partir rumo a Saint-Malo, para ficar na casa de um tio-avô.
O pai de Marie é Daniel LeBlanc, chaveiro-chefe do Museu Nacional de História Natural de Paris, que sempre a levou para visitar seu ambiente de trabalho. De um certo modo, ela conhecia tudo por lá. Além disso, visando sua autonomia, Daniel fez uma maquete do bairro onde moravam para que Marie-Laure pudesse se ambientar caso tivesse que sair para a rua sem ele. A maquete tinha os detalhes das casas, das ruas e até dos bueiros, pois são pontos fáceis de serem identificados por quem usa uma bengala para se locomover e não enxerga nada. Com a mudança de cidade, Daniel construiu outra maquete que, além das funções anteriores, teria outra secreta: a de ser guardiã de um diamante valioso, chamado Mar de Chamas.

Já Werner é um alemão de 18 anos que, em 1944 ficou preso num porão, depois que o hotel em que estava foi bombardeado. Apesar de jovem, é especialista em consertos de rádios e transmissores, além de identificar sinais e frequências com facilidade e rapidez, algo imprescindível durante a guerra. Werner é órfão e cresceu num orfanato com sua irmã. Não teve muitas escolhas e, como seu talento foi descoberto cedo, conseguiu escapar do trabalho nas minas de carvão, local que ceifara a vida de seu pai anos antes. Sendo assim, ao partir para aprimorar seus estudos com transmissores numa cidade distante da sua, ele deixou pra trás sua vidinha de órfão e passou a encarar os horrores da guerra de frente.

Bom, não dá pra falar mais sem entregar a graça do livro, que é a evolução de cada personagem e as idas e vindas no tempo. Não é à toa que a obra foi vencedora de um Pulitzer de ficção (2015).

Vale a pena a leitura!

Ele me fez lembrar um pouco O Pintassilgo, obra de Donna Tartt: temos um museu, um órfão e o cuidado com um bem muito valioso...

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